Uma pesquisa do Instituto Nacional do Câncer (Inca) aponta que o Brasil apresentará mais de 1,2 milhão de novos casos de câncer nos próximos dois anos. Só neste ano, a estimativa é que 590 mil pessoas sejam diagnosticadas com a doença em todo o País. Quando se olha para uma perspectiva futura, a partir dos números divulgados, a situação preocupa, visto que a doença tem uma relação direta com o processo de envelhecimento da população brasileira.

A realidade no Estado do Ceará também gera preocupação. Segundo o doutor Reginaldo Ferreira da Costa, superintendente clínico do hospital Haroldo Juaçaba, referência no tratamento contra o câncer no Estado, somente no ano passado, mais de 9 mil pacientes com câncer foram atendidos no hospital. Para 2018, o superintendente clínico conta que o número pode ser ainda maior. “Infelizmente, temos observado um crescimento (do número de casos de câncer) também em nosso Estado. Para o ano de 2018, a estimativa é que tenhamos um pouco mais de 20 mil casos de câncer aqui no Ceará”, disse.

O doutor Reginaldo Costa ressalta a importância de se trabalhar com a informação. Para ele, o diagnóstico precoce tem um poder muito grande na luta contra a doença, além do governo fornecer não só atendimento médico de qualidade, mas também orientar as pessoas para que elas saibam onde podem receber o tratamento adequado. Ele lembra, contudo, que “o que mais preocupa nesses números, particularmente, em estados da região Nordeste, é a dificuldade de acesso da população das unidades que tratam o câncer e ao próprio sistema de saúde pública”, aponta.

Casos mais comuns

O superintendente clínico ainda revelou que os casos mais comuns da doença no Ceará, entre as mulheres, são o câncer de Mama e do Colo de Útero, este último, de fácil prevenção, caso as mulheres tivessem a rotina de fazer a cada ano um exame ginecológico simples nos postos de saúde, o que nem sempre acontece.

Já entre a população masculina, o câncer de Próstata e o de Pulmão são os mais recorrentes. Reginaldo Costa explica que o preconceito por parte dos homens de se submeter ao exame do toque retal – que previne o câncer na região da próstata – é um problema, visto que quanto mais se demora para se diagnosticar com antecedência o surgimento do câncer, mais a doença se desenvolve. Para ele, há um tabu em relação ao exame, que deve ser feito a partir dos 40, 45 anos, segundo a Sociedade Brasileira de Urologia.

“Isso gera um impacto muito grande com relação ao desfecho que o paciente tem. Assim como o câncer de colo uterino, o de Próstata também é facilmente prevenível se o homem se submeter a um atendimento adequado e, se ele for diagnosticado em uma fase inicial, há uma taxa de cura muito alta”, disse.

O superintendente clínico afirma ainda que o processo de educação, que começa dentro de casa, poderia ajudar os homens a pôr fim a esse tabu, além de pedir por uma melhor estruturas de saúde no Interior do Ceará, onde a estrutura dos SUS é mais precária do que na capital, o que impossibilita, em muitos casos, o acesso a consultas preventivas simples. “Infelizmente, boa parte dos casos avanços (de câncer) provém do interior”, finaliza.