As notícias falsas, também conhecidas como fake news, estão se espalhando com uma velocidade cada vez maior na internet, sendo compartilhadas por milhões de pessoas. Com a proximidade das eleições, as fake news já são motivo de preocupação, inclusive para órgãos federais, caso, por exemplo, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Em palestra promovida pela Associação Nacional de Editores de Revistas na última quinta-feira, 15, o presidente do IBGE, Roberto Olinto, afirmou que as notícias falsas dificultam ainda mais a organização de dados, coletados por meio de pesquisa de opinião. “Você vê hoje um número grande de perfis que não são pessoas, são robôs, são códigos automatizados que simulam pessoas em rede sociais para prejudicar ou enaltecer alguém”, comentou.

No Ceará, a situação não é diferente, como aponta o chefe da Unidade Estadual do Instituto, doutor Francisco Lopes. O chefe do IBGE no Ceará, em entrevista à edição desta segunda-feira, 19, do Jornal Alerta Geral (Rádio FM 103.4 – Expresso Grande Fortaleza + 24 emissoras no Interior), disse, inclusive, que “é evidente que as fake news podem levar a uma distorção na opinião que as pessoas têm”. A informação levou o jornalista Beto Almeida, durante o Bate Papo Político desta segunda, comentar que “estamos afogados em fake news”.

Segundo Francisco Lopes, “o IBGE trabalha com pesquisas quantitativas, ou seja, buscamos transformar as percepções e opiniões em dados para apresentar taxas e indicadores que irão nortear o planejamento de políticas públicas”, lembrou. Assim, para ele, como as fake news têm um poder de disseminação muito forte, principalmente nas redes sociais, elas podem influenciar a opinião dos entrevistados na hora das entrevistas e, com isso, “gerar algo que pode vir a dar um viés à pesquisa”.

Para o chefe da Unidade Estadual do IBGE, contudo, as pesquisa do Instituto, por serem mais ligadas a fins de planejamento e políticas públicas, sofrem uma influência menor das notícias falsas, quando comparadas a de outros institutos de pesquisa, como o Datafolha e o Ibope, que fazem sondagem de opinião no campo político. “É claro que essa questão das fake news vai afetar bastante as pesquisas de opinião com relação as eleições”, explica Francisco Lopes.

O chefe do IBGE no Estado ressaltou ainda que métodos estão sendo discutidos para que as fake news tenham um efeito menor sobre as pesquisas do Instituto. Ele destacou que “como o IBGE trabalha com conceitos bastante específicos na realização das entrevistas, o nosso pesquisador consegue tratar a entrevista dentro desses conceitos. Evidentemente, com isso, ele isola um pouco das questões dessas fake news”.

Censo agropecuário

Perguntado sobre o censo agropecuário, que mostra o retrato do setor no Brasil e nos estados no ano de 2017, o chefe da Unidade do IBGE do Ceará afirmou que a pesquisa está 99% concluída.

Segundo ele, “os dados são fundamentais porque vão trazer a nova formatação do setor rural cearense e, com isso, o Governo do Estado, juntamente com as Secretarias de Agricultura do Estado e dos municípios poderão ter informações que serão imprescindíveis para melhorar ainda a produção agrícola do País”, disse.

Francisco Lopes pontuou ainda que os dados serão afetados pelos seis anos de seca que o Estado passou, o que causou, de acordo com ele, uma certa transformação no setor rural.

Confira abaixo a entrevista completa com o chefe da Unidade Estadual do IBGE, Francisco Lopes, à edição desta segunda-feira do Jornal Alerta Geral:

FRANCISCO LOPES – CHEFE DA UNIDADE DO IBGE ESTADUAL