Para além da distribuição desigual das riquezas, da infraestrutura dos serviços básicos, as pessoas que estão sujeita ao racismo ambiental vivem à marginalidade social e são submetidos à incidência mais forte de episódios climáticos, como escassez hídrica, enchentes, inundações, deslizamentos, falta de energia e insegurança alimentar.
São eles a grande maioria dos índices de mortes registrados. “É importante registrar que diante dessas grandes catástrofes ambientais, a população empobrecida destas cidades são as mais afetadas, e estas populações são negras, indígenas, quilombolas, mulheres e LGBTQIA+”, afirma Romária Holanda, pesquisadora e assessora no Instituto Terramar.
A pesquisadora define o conceito de “racismo ambiental” como a materialização das injustiças sociais e ambientais aos povos racializados, não brancos. “Através dele conseguimos ver as desigualdades que fundamentam e estruturam nossa sociedade, que negam direitos básicos à saúde, à terra, à habitação, ao saneamento básico e ao trabalho”, diz.
Racismo ambiental no contexto cearense
As famílias ou pessoas mais afetadas são as que vivem, basicamente, em três situações: casas extremamente precárias ou improvisadas, que pagam um aluguel tão caro pro seu bolso que precisam decidir se compram comida ou arcam com a despesa mensal ou que dividem uma mesma residência com outra família.
De acordo com os estudos do Serviço Geológico do Brasil (SGB), o Ceará tem mais de 175 mil pessoas vivendo em áreas classificadas como de risco alto ou muito alto, sujeitas a incidentes de natureza geológica. Segundo as estimativas do IBGE de 2023, aproximadamente 245 mil domicílios cearenses vivem em insegurança alimentar.