Aproximadamente 61% das crianças menores de três anos em situação de pobreza no Ceará, mais de 62 mil meninas e meninos, não frequentam creches. A informação é do Índice de Necessidade de Creche Estados e Capitais, elaborado pela Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal. Segundo a pesquisa, com base em dados colhidos em 2023, o principal motivo para essa ausência é a falta de vagas nas unidades de educação infantil. O Índice de Necessidade de Creches estabelece critérios de prioridade para vagas, como crianças de famílias em situação de pobreza; crianças que vivem em lares monoparentais (onde apenas um dos pais é responsável pelos filhos); aquelas com cuidadores economicamente ativos ou que poderiam trabalhar caso tivessem acesso à creche; e crianças com deficiência.

Conforme dados do IBGE, em 2023 o Brasil registrou 9,9 milhões de crianças de 0 a 3 anos. Destas, 45,9% pertencem a um dos grupos prioritários definidos pelo estudo para acesso à creche. Apesar disso, cerca de 430 mil crianças que deveriam ter prioridade de acesso não estão matriculadas devido à falta de vagas e unidades nas suas regiões. No Ceará, 295.257 crianças de até 3 anos (45,5% da faixa etária no Estado) fazem parte dos grupos prioritários para acesso à creche. Contudo, 57,6% dessas crianças ainda não frequentam creches, e, desse total, 7,2% estão fora por falta de vagas. Dentre elas, 61,1% não frequentam creches. Nesse grupo, mais de 51 mil crianças (51%) têm a falta de vagas como o principal motivo para estarem fora da creche. O levantamento considerou como situação de pobreza as famílias com renda per capita de até R$ 218, valor utilizado como critério de elegibilidade para o Programa Bolsa Família.