A partir desta sexta-feira, 20, começa o prazo para que os pré-candidatos sejam confirmados pelos seus partidos e passem a estar oficialmente na disputa eleitoral deste ano. O pontapé inicial será dado pelas convenções do PDT e do PSC, que oficializarão, respectivamente, o ex-ministro Ciro Gomes e o ex-presidente do BNDES Paulo Rabello de Castro como candidatos.

Ciro Ferreira Gomes se torna candidato à Presidência no momento mais complicado dos últimos meses, tempo em que ele passou avidamente negociando uma aliança com o Centrão, grupo de cinco partidos com mais de 160 deputados e 40% do tempo de televisão, que acabou se decidindo por Geraldo Alckmin (PSDB). Sem o bloco, sem o PT, que já deu sinais claros de que não vai apoiá-lo, ao menos no primeiro turno, e até agora sem o PSB, dividido sobre o que fazer na eleição, ele por enquanto segue isolado.

Sozinho na disputa, ele contaria com apenas 4 minutos e 33 segundos das duas horas diárias (para efeito de comparação, a aliança atual de Alckmin deve dar a ele 62 minutos) e se financiaria basicamente com os 61 milhões de reais a que o PDT tem direito no fundo eleitoral, quantia que ainda terá que ser dividida entre os candidatos nos estados.

Pelas redes sociais, Ciro, que já foi ministro nos governos Itamar Franco (Fazenda) e Lula (Integração Nacional), governador do Ceará e deputado, prometeu apresentar “12 passos para mudar o Brasil” durante a convenção desta sexta. Sua política econômica é um dos temas mais esperados – até porque foi a reação às críticas do pré-candidato à temas como a reforma trabalhista e a venda da Embraer que afastou o

Centrão da sua chapa.

Por enquanto, Ciro não deve falar de aliança nem de vice. Ele vai seguir negociando com o PSB e acenando também para o PCdoB, da pré-candidata Manuela D’Ávila. Um acordo com o PT segue como uma esperança distante.

Já a candidatura de Paulo Rabello pelo PSC é uma forma do partido, de estatura pequena no cenário nacional, marcar alguma posição, como foi com a candidatura do seu presidente, Pastor Everaldo, em 2014. Nos últimos anos, o PSC, legenda marcada pela posição fortemente contrária a temas como o casamento entre pessoas do mesmo sexo e a legalização do aborto, adotou também um discurso liberal na economia, o que justifica a escolha de Rabello. Antes de comandar o BNDES, ele dirigiu o IBGE, também durante o governo do presidente Michel Temer (MDB).

Final de semana

Os partidos que optaram por fazer seus encontros logo no primeiro final de semana são aqueles que, não por coincidência, estão com posições mais irredutíveis em relação às suas posições no cenário eleitoral de 2018. Ainda nesta sexta, o nanico Partido Comunista Brasileiro (PCB) vai aprovar, no Rio de Janeiro, o apoio à candidatura de Guilherme Boulos (PSOL) ao Planalto.

O próprio Boulos passará pela confirmação no sábado, durante o encontro do PSOL, que também vai definir a líder indígena Sonia Guajajara como a candidata a vice-presidente na chapa.

No domingo, é a vez do PSL, que vai lançar a candidatura do deputado Jair Bolsonaro a presidente. Bolsonaro, assim como Ciro, teve uma má semana para alianças: viu o PR aderir ao blocão e fechar com Alckmin e recebeu duas negativas do minúsculo PRP. Com isso, perdeu os planos A, o senador Magno Malta (PR), e B, o general da reserva Augusto Heleno (PRP), para vice.

O pré-candidato do PSL mantém conversas com a advogada Janaína Paschoal, que é filiada ao seu partido e foi uma das autoras do pedido de impeachment que derrubou a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) em 2016. Ele também cogitou, nesta quinta, o nome de outro general, Hamilton Mourão (PRTB), conhecido pelas polêmicas em torno de uma possível interferência dos militares na política brasileira.

 

Com informações RevistaVeja