O deputado Amom Mandel, presidente da Comissão da Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência, destacou, na abertura de uma audiência pública, nessa terça-feira (14), uma situação preocupante sobre a desatualização de dados do autismo no Brasil. Segundo Amom, a ausência de dados compromete a formulação e implementação de políticas públicas eficazes para a população autista e seus familiares.


Amom destacou a gravidade da falta de informações atualizadas sobre o TEA no Brasil, em que os últimos dados oficiais são de 2010, da Organização Mundial da Saúde (OMS), enquanto estimativas sugerem um número significativamente maior de pessoas com autismo no país.


‘’Para termos uma noção da gravidade dessa situação, nós temos que lembrar que um dos últimos dados oficiais estimou que havia, aproximadamente, 2 milhões de pessoas com autismo no país. Contudo, essa estimativa está desatualizada. A gente pode afirmar que temos, no mínimo, entre 4 a 6 milhões de pessoas que podem estar no TEA atualmente”, disse o deputado, ao enfatizar que, sem dados atualizados, deixa uma lacuna sobre o suporte adequado e direcionado a essa população e aos seus familiares.


URGÊNCIA DE ATUALIZAÇÃO DE DADOS


O deputado Amom Mandel ainda enfatizou a urgência de preencher essa lacuna com dados atualizados para avançar na construção de uma sociedade mais justa e inclusiva para todos.

“Infelizmente, o Censo de 2022, que deveria trazer luz a essa questão, ainda não proporcionou os dados concretos que nós desejávamos sobre o autismo no Brasil’’, observou o parlamentar, para, em seguida, afirmar que ‘’a ausência de informações compromete gravemente a formulação e a implementação de políticas públicas eficazes.’’

O coordenador-geral de Saúde da Pessoa com Deficiência do Ministério da Saúde, Arthur Medeiros, apontou a necessidade de instrumentos que possam mostrar a realidade das pessoas com TEA.

“Precisamos de instrumentos que consigam mostrar a realidade dessas pessoas”.

ESTATÍSTICA ATUALIZADA EM 2025


A divulgação dos dados está em processo de análise e está prevista para o próximo ano, informou a coordenadora do Grupo de Trabalho de Deficiência do IBGE, Maíra Bonna Lenzi. “Terá a divulgação dos dados no ano que vem. Está no processo de análise”, afirmou. 


A Associação de Amigos do Autista do Amazonas (AMA) trouxe à discussão a falta de serviços voltados para autistas adultos e questionou se a sociedade está preparada para recebê-los, como parte da importância dos dados do Censo para orientar políticas públicas.


“Em nossa cidade não existia nenhum serviço voltado para os autistas adultos. Os autistas crescem. Será que a nossa sociedade está preparada para receber eles? Nós levantamos a questão sobre a invisibilidade do autista adulto. Se já existe uma carência tão grande de políticas públicas voltadas para as crianças, imagine para os adultos. A importância dos dados do Censo são de grande relevância para as nossas políticas. É para saber onde eles estão”.


(*) Com informações da Câmara Federal