Depois de faltar à audiência pública na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJC) da Câmara dos Deputados, o ministro da Economia, Paulo Guedes, participou, nessa quarta-feira (28), de um debate na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado. A sessão começou com clima tenso.
No Bate Papo Político desta quinta-feira (28), os jornalistas Luzenor de Oliveira e Beto Almeida comentaram a ida de Guedes à Comissão. Segundo os jornalistas, o ato de Guedes assumir o papel de mediador político é sintomático. Para Beto Almeida, o papel de mediar o debate com os parlamentares seria do ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, o que não está acontecendo.
Os jornalistas destacaram, também, as dificuldades de se articular a aprovação da Reforma. Luzenor de Oliveira destacou que o ato de “escalar ministros” demonstra a falta de envolvimento do próprio presidente com a proposta a ser votada. Os jornalistas apontam que é preocupante, diante do debate sobre a Reforma, o presidente “perder tempo com polêmicas.”
Clima tenso na reunião
Pouco antes do fim da sessão, Guedes baixou a guarda e mudou a postura, afirmando que não é o superministro. O ministro também se desculpou pelo clima tenso. “Quero pedir desculpas se fiquei irritadinho em alguns momentos, porque estou muito cansado. Andei levando ‘balaços’ de quem devia estar do meu lado“, finalizou.
Guedes admitiu, também, que ficou surpreso com a votação da Proposta de Emenda à Constituição que obriga a execução de emendas impositivas no Orçamento. A proposta foi aprovada na Câmara dos Deputados e veda o governo – votação que mostra como o cabo de guerra entre o Executivo e o Legislativo está armado.
Deixar o cargo
Em princípio, Guedes deveria falar sobre os problemas da Lei Kandir nos estados. Guedes reforçou a necessidade de um pacto federativo, após a aprovação da PEC da Previdência. Segundo ele, os técnicos preparam uma proposta com socorro aos estados que poderá superar R$ 4 bilhões ao ano – superior ao valor atual.
Ao ser questionado pela senadora Eliziane Gama (PPS-MA) se deixaria o cargo, caso não consiga aprovar a reforma, Guedes voltou a defender mais responsabilidade do Legislativo com a austeridade fiscal. “Não tenho apego ao cargo, mas não tenho a irresponsabilidade de sair na primeira derrota“, afirmou o ministro.
Guedes admitiu a possibilidade de mexer em alguns pontos críticos da proposta, como Benefício de Prestação Continuada (BPC) e aposentadoria rural, mas alertou: a economia de R$ 600 bilhões a R$ 700 bilhões em 10 anos, em vez do atual R$ 1 trilhão previsto na proposta, não dá garantia da aposentadoria de filhos e netos.