O Ceará foi o único estado do país a atingir mais de 95% de imunização contra sarampo na segunda dose da vacina em 2017, de acordo com dados do Ministério da Saúde. Um plano de ação permanente com os municípios viabilizou o resultado, no entanto, a coordenadora de imunização da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), Ana Vilma Leite, alerta que cidades cearenses ainda não alcançaram a meta mínima.
O índice de 96,05% de imunização reflete a soma das doses aplicadas às crianças e não a situação de todos os municípios cearenses. “Tem municípios que ultrapassam a cobertura e outros que nem alcançam. Somando todas as doses aplicadas e dividindo pela população do Ceará, se alcança a cobertura no total. A média é boa, mas a análise verdadeira que a gente tem que monitorar é a de cada município”, explica a coordenadora.
De acordo com ela, esta meta fundamental é a chamada “homogeneizada”, quando todos os municípios alcançam o mínimo de 95% de cobertura da vacina, percentual recomendado pelo Ministério. Com foco nisso, a secretaria, em parceria com o Ministério da Saúde, aplica um plano de sustentabilidade do sarampo para manter o vírus eliminado no estado.
“A gente faz visita e supervisão em municípios que passaram pelo surto ou que estão com a cobertura abaixo de 95%. Discutimos o plano para que eles (profissionais de saúde dos municípios) resgatem as crianças sem imunização”, acrescenta Vilma.
Para a coordenadora, o plano aplicado nos municípios garantiu que o Ceará permanecesse sem surtos da doença, que atualmente se manifesta em Roraima e no Amazonas.
O plano de ação inclui dados trimestrais apresentados e discutidos nos municípios em forma de oficinas e palestras, afirma Vilma Leite. “Durante o ano, a gente faz oficinas de vigilância das coberturas vacinais. Trabalhamos por macrorregião, apresentamos os dados pros municípios, buscando aqueles com cobertura baixas, para fazer um plano de ação dizendo como eles vão fazer o resgate (atingir as crianças não imunizadas).”
Outra estratégia, segundo a coordenadora de imunização da Sesa, é a realização de palestras on-line pelo Telessaúde, plataforma do Ministério. Segundo Vilma, com um cronograma mensal, o conteúdo é compartilhado em tempo real com profissionais de Saúde de todo o estado que acessarem a plataforma.
Segundo o Ministério da Saúde, até o dia 27 de junho, foram confirmados 265 casos de sarampo no Amazonas, 1.693 permanecem em investigação e 137 foram descartados. Em Roraima, 200 casos foram confirmados, 179 continuam em investigação, e 35 foram descartados.
Em 2016, o Brasil recebeu da Organização Pan-Americana da Saúde o certificado de eliminação da circulação do vírus do sarampo. Agora precisa empreender esforços para manter o certificado.
Uma campanha nacional contra sarampo e poliomielite está prevista para agosto deste ano, a ser realizada entre os dias seis e 31. O dia D de vacinação deve ser realizado no dia 18 de agosto. A campanha é para crianças menores de cinco anos de idade.
“Esperamos ter uma excelente cobertura. Se vacinarmos esse grupo de crianças estamos protegendo outras faixa etárias. Estudos mostram que é esse grupo que mantém surtos da doença. Se protegermos, elas não adoecem e não passam para outras faixas etárias”, comenta a coordenadora da Sesa.
Em 2017, a cobertura vacinal no país foi de 84,9% na primeira dose (tríplice viral) e de 71,5% na segunda dose (tetra viral). O Ceará alcançou 119,26% na primeira e 96,05% na segunda.
O esquema vacinal contra sarampo é de uma dose (tríplice viral) em crianças com um ano de idade, e a segunda dose (tetra viral) em crianças com um ano e três meses.
Para adolescentes e adultos até 49 anos :
- Até os 29 anos – duas doses, podendo ser da tríplice ou tetra viral
- Dos 30 aos 49 anos – dose única, podendo ser da tríplice ou tetra viral
- Quem já tomou duas doses durante a vida, da tríplice ou da tetra, não precisa mais receber a vacina.
Ainda conforme a coordenadora, a vacina contra o sarampo está em todos os postos de saúde durante o ano todo, disponível para qualquer pessoa de até 49 anos que não teve a doença.
Com informação do G1