O mercado adorou o anúncio do governo de que pretende privatizar a Eletrobrás. As ações da emprensa disparam e, por volta das 13h, alcançaram 41,34% (ON) e 26,47% (PNB) no pregão desta terça-feira, 23. Além da empresa de energia, o movimento criou uma espécie de clima favorável que impactou outras estatais, como Cemig e Banco do Brasil. Com isso, o Ibovespa, o indicador de desempenho das ações negociadas da Bovespa, ultrapassou o limite dos 70 mil pontos, aos 70.077 pontos, patamar que não era atingido desde 2011.
Segundo operadores e analistas, o que animou os investidores é que a perspectiva de venda da Eletrobrás pode melhorar a gestão e governança da empresa, gerando uma expectativa de desestatização de outras companhias, além de ajuda as contas públicas nacionais com a entrada de dinheiro.
Em entrevista na manhã de hoje, o ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, disse que a intenção do governo em desestatizar a Eletrobrás será apresentada amanhã ao conselho do Programa de Parcerias e Investimentos (PPI). “Trata-se de um movimento muito maior do que apenas a necessidade arrecadatória. Vamos entregar uma nova empresa muito mais ágil após esse processo, com capacidade de enfrentar os desafios em um cenário competitivo com empresas globalizadas”, afirmou o ministro.
O ministro também afirmou que as contas de luz devem ficar mais baratas com a privatização da companhia. Ele disse que serão feitos os cálculos sobre o impacto da desestatização da companhia sobre as tarifas cobradas aos consumidores. “Mas esperamos que, com a redução de custos e com os ganhos de eficiência no processo, a conta de luz fique mais barata no médio prazo.”
No exterior, as ações da Eletrobrás (EBR) disparam mais de 20% nas negociações “after-market” de Nova York. Os ativos que representam as ações ordinárias (ELET3) no Brasil eram negociados a US$ 5,51 no fim da noite de ontem, com alta de 23,8%. Na B3, a Bolsa brasileira, os papéis terminaram o dia negociados a R$ 14,20 (+3,35%).
Na segunda-feira (21), o governo anunciou oficialmente que pretende privatizar a Eletrobrás. De acordo com fato relevante da empresa, enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a informação foi dada pelo ministro Fernando Coelho Filho, do Ministério de Minas e Energia (MME). A União permanecerá como acionista da companhia, por meio de uma classe especial, com direito a dividendos e poder de veto na administração.
Em nota, o MME ressaltou que a medida trará mais competitividade e agilidade à empresa para gerir suas operações, “sem as amarras impostas às estatais”. O MME cita os exemplos dos processos de privatização da Embraer e da Vale. O Ministério chamou atenção ainda que as “dívidas e ônus do passado se avolumaram e exigem uma mudança de rota para não comprometer o futuro da empresa”.
Um detalhe na nota oficial chamou a atenção de analistas e investidores. O governo destacou que “a redução da participação da União no capital da empresa” permitirá à companhia “implementar os requisitos de governança corporativa exigidos no Novo Mercado” e disse que a Eletrobrás precisa “buscar recursos no mercado de capitais”.
Estatais. As colocações geraram especulações sobre a possibilidade de a privatização incluir uma oferta de ações, embora fonte próxima ao governo tenha sinalizado com a realização de um leilão de privatização, nos moldes de outras privatizações já realizadas.
Junto da Eletrobrás, outras estatais se destacam entre as valorizações. Cemig PN avança 6,68%, Banco do Brasil ON sobe 3,73%, Petrobras ON (+2,97%) e Petrobras PN (+2,92%).
Operadores detalham que a privatização da Eletrobrás gera uma expectativa de que a operação se repita com outras estatais, além da melhora das contas públicas. Sobre os bancos, caso do Banco do Brasil, o processo traz alívio, pois a Eletrobras é extremamente endividada e pode antecipar pagamentos. Bradesco ON também valoriza (+3,47%) e a PN sobe 2,20%. Itaú Unibanco avança 2,50% e Santander units (+2,69%).
Em Petrobras, há ainda o benefício da alta hoje do petróleo, de 0,41% o brent para outubro na ICE, e de 0,24%% o WTI também para outubro na Nymex.
Para Cemig, há sinalizações positivas com a disputa pelas usinas de Jaguara, São Simão, Miranda e Volta Grande, já que os leilões foram suspensos pelo desembargador Souza Prudente, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), e o ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), adiou o julgamento previsto para hoje do recurso apresentado pela Cemig sobre Jaguara.
Segundo o advogado Vitor Alves de Brito, que defende a Cemig, o adiamento do julgamento sinaliza disposição do governo federal para um acordo com a companhia.
Com informações O Estado de São Paulo