Dois pólos antagônicos da política brasileira nos últimos 30 anos, o PT e o PSDB podem estar no mesmo palanque na disputa pela Presidência da República em 2022. Qualquer movimento nesse cenário, com resultados concretos, entra no viés sobre o dinamismo da política, que aproxima adversários e distancia aliados. Interlocutores que sonham com a presença de muitos tucanos no palanque do ex-presidente já estão em campo.
A divisão interna no PSDB abre caminhos para alguns tucanos refletirem sobre a possibilidade de apoiar o ex-presidente Lula como movimento para derrotar o presidente Bolsonaro no primeiro turno. O pré-candidato do PT ao Governo de São Paulo, Fernando Haddad, em entrevista à Revista Veja, fez o primeiro aceno em direção ao PSDB.
Antes da manifestação de Haddad, um dos tucanos mais respeitados na história do partido – o ex-senador Aloyisio Nunes Ferreira , se antecipou para declarar apoio ao líder petista. Os petistas estão ainda mais animados e querem ampliar o espaço no ninho tucano atraindo o apoio do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e do senador José Serra. O ex-presidente Lula tem conversado com líderes do PSDB e, quando esteve no Ceará, no mês de março, se encontrou com o senador Tasso Jereissati.
Segundo Fernando Haddad, quem tiver um mínimo de juízo vai caminhar com Lula no primeiro turno porque, em seu entender, com o atual modelo alternativa ‘’é o desastre, é a catástrofe’’. Sem nome na disputa pela Presidência da República após a desistência do ex-governador de São Paulo, João Doria, o PSDB discute a formação da terceira via com a possibilidade de indicar o vice na chapa da senadora Simone Tebet (MDB). Essa tese deixa, porém, os tucanos ainda mais divididos. O partido está cada vez mais fragilizado e a divisão pode levar alguns tucanos ao palanque do ex-presidente Lula, onde lá está, como o mais cotado para ser vice, o ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin.