Diante de um caso de suposto abuso infantil, você saberia identificar os primeiros sinais? E os identificando, você saberia como proceder? É alarmante o número de casos nos quais crianças e adolescentes são vítimas de abuso, das mais variadas espécies, sendo: moral, psicológico, físico, sexual, dentre outros. Com a pandemia e o isolamento social, o risco para os vulneráveis aumentou, sobretudo para aqueles que sofrem abuso no interior de seus próprios lares. A advogada Ana Zélia esclarece, em sua participação no Jornal Alerta Geral desta quinta-feira (02).

Uma forma de combate ao abuso infantil e juvenil é a constatação breve. Para isso, na presente matéria trazemos formas de identificação de espécies de abuso, sobretudo sexual, indicando formas de combate, quais sejam:


1 – Mudança repentina


Não podemos generalizar com teorias como “toda criança tímida foi vítima de abuso sexual’, mas podemos observar as mudanças de comportamento de uma hora para outra. Uma criança alegre e falante de repente torna-se uma criança triste, agressiva, é um sinal de que algo não vai bem. O choro constante também serve como um alerta.


2- Baixo rendimento escolar


Muitas vezes tendemos a acusar as crianças e adolescentes por alguns comportamentos sem olhar para o que eles realmente querem dizer. Um deles é o baixo rendimento escolar, novamente não podemos generalizar, porque existem diversos fatores que podem influenciar nesse aspecto. Mas se, de uma hora para outra, a criança perde o interesse, não consegue se concentrar nas aulas e atividades, se torna dispersa e fechada, pode ser um indício de que algo não vai bem e a cabeça dela está ocupada demais pensando no que aconteceu ou até mesmo se culpando.


3- Isolamento social


É muito comum a criança ou adolescente sentir vergonha pela situação a qual foi submetida e evitar contato social, com medo de que em algum momento alguém perceba ou descubra. Ainda mais se o abuso veio acompanhado de ameaças à vítima ou aos seus familiares, esse comportamento é um mecanismo de defesa para evitar que as ameaças se concretizem.


4- Sexualidade exacerbada


A criança passa a usar termos de cunho sexual que não deveriam ser de seu conhecimento, simula gestos que remetem à prática sexual, tem atitudes e movimentos erotizados, é um sinal de alerta. Não somente vinculado ao abuso sexual, a exposição de material pornográfico ou de práticas sexuais são prejudiciais ao desenvolvimento natural da criança e também são considerados atos criminosos.


5 – Ansiedade


O medo da repetição da situação traumática ocasiona na criança uma ansiedade incomum. Por mais distante que ela esteja do ambiente onde o abuso ocorreu, seu mecanismo de defesa a deixa em alerta constante para o risco de um novo abuso sexual. Portanto, ao notar essa característica em uma criança, fique atento aos demais sinais.


É importante destacar a importância da denúncia diante dos primeiros indícios de abuso infantil e juvenil às autoridades competentes, a fim de que seja adotado o procedimento recomendado em conformidade com a especificidade de cada caso e com a urgência necessária.


E mais: em caso de suspeita de abuso sexual não pressione a criança a falar sobre o ocorrido. Isso reforça o trauma e expõe a criança. Ofereça sempre um espaço de conversa e escuta aberto e carinhoso, para que ela se sinta confortável e segura para fazer a revelação. Caso ela escolha contar, escute e acolha sem tentar adivinhar o que ela quer dizer. Faça as devidas recomendações: Denuncie no Disque 100* (Disque Direitos Humanos), no Conselho Tutelar e em uma Delegacia de Polícia da sua região.


*Disque 100 é um serviço disseminação de informações sobre direitos de grupos vulneráveis e de denúncias de violações de direitos humanos.