A cada dois minutos, uma mulher morre de câncer de colo de útero no mundo. No Brasil, 21% das mulheres entre 25 e 64 anos não fizeram exames preventivos nos últimos três anos. Esses são alguns dos dados apresentados nesta terça-feira (10), pelos especialistas ouvidos em audiência pública na Comissão de Assuntos Sociais (CAS). De acordo com todos eles, a prevenção é essencial porque o câncer de colo de útero é uma doença evitável.
O instituto fez uma pesquisa com especialistas na doença e perguntou quais são as principais barreiras que impedem o diagnóstico precoce. A demora para que o paciente passe por um especialista foi citada por 100% dos entrevistados. A baixa taxa de realização do exame preventivo (Papanicolau) e a demora para fechar o diagnóstico ficaram empatadas em segundo lugar.
Quando a pergunta era sobre quais são os principais problemas no enfrentamento do câncer de colo de útero no Brasil, a resposta mais citada foi a baixa adesão à vacina contra o vírus HPV, cujas lesões são precursoras dessa doença. A existência dessa vacina é um dos fatores que tornam a prevenção da doença tão eficaz, de acordo com Etelvino Souza Trindade, representante da Associação Médica Brasileira.
De acordo com o médico, a não ser em casos excepcionais, a doença leva, no mínimo, sete anos para evoluir. E as ações interventivas da medicina são suficientes para chegar praticamente a 100% de cura. Para ele, falta, no Brasil, a visão de que as falhas estruturais levam a eventos mais graves e, com isso, a custos muito maiores.
O custo de tratamento no caso de lesões incipientes precursoras do câncer, totalmente curáveis, é de US$ 18, com índice de sobrevida de 100%. Quando o câncer está em estágio avançado, o custo aumenta em mais de 120 vezes (US$ 2,2 mil) e a chance de sobrevida é de apenas 10%.
Vacinação
Para a médica e pesquisadora Angélica Nogueira, diretora da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica, apesar de o Brasil fornecer gratuitamente a vacina, ainda há muitas barreiras, como o conhecimento limitado sobre o HPV e sobre a vacina. Ela citou boatos espalhados em redes sociais; conservadorismo religioso; desconforto de médicos e de cidadãos para discutir sexo; e a associação infundada da vacina em adolescentes com o aumento da atividade sexual.
(*) Com informações da Agência Senado