A prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva já é vista como inevitável por seus aliados. A expectativa de pessoas próximas a Lula, no entanto, é que ele não fique muito tempo atrás das grades. Na avaliação deles, membros do Poder Judiciário querem “a foto” de Lula preso, mas quando isso acontecer, a situação não se sustentará por muito tempo, com a acolhida de algum dos recursos da defesa.

“Querem a foto da prisão, a humilhação. Mas não consigo imaginar Lula preso por muito tempo. Ele vai ficar uma semana, dez dias no máximo”, diz um amigo do ex-presidente, sem detalhar a estratégia de defesa que será implementada para viabilizar a soltura.

Existem hoje duas possíveis saídas para Lula pendentes de julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF), onde residem as esperanças do ex-presidente. Há um habeas corpus preventivo apresentado pela própria defesa, negado liminarmente pelo ministro Edson Fachin, e uma outra ação que busca revisar a jurisprudência sobre a prisão após condenação em segunda instância. A presidente do STF, Cármen Lúcia, já avisou que não pautará os processos, e Fachin, por sua vez, informou que não levará o habeas corpus “em mesa”, ou seja, diretamente ao plenário.

Muito abalado

Como o julgamento do recurso da defesa de Lula contra a condenação em segunda instância deve ser analisado pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) ainda neste mês, dificilmente haveria como evitar a prisão por decisão do STF. Lula foi condenado a 12 anos e um mês de prisão pelo caso do tríplex do Guarujá (SP).

O ex-presidente nega publicamente, mas amigos dizem que não está descartada a possibilidade de que Lula faça uma greve de fome em sua cela para pressionar a Justiça a liberá-lo da prisão. Ele também já chegou a confessar no círculo íntimo que não quer passar pela humilhação de usar uma tornozeleira eletrônica.

“Ele diz que não vai aceitar a tornozeleira eletrônica. O presidente já está se encaminhando para a última fase da vida dele, não quer morrer como um idiota”, conta um amigo.

Aliados relatam que ele está muito abalado com a situação que vive. Dizem que nem ele nem o partido estavam preparados para enfrentar essa batalha da prisão do principal líder da legenda. Alas mais radicais defendem que, no caso da decretação da prisão de Lula, seja feita uma mobilização de militantes para formar um grande cordão humano em volta da casa do ex-presidente ou do Instituto Lula, com o objetivo de criar comoção e dar trabalho à polícia.

“O Lula está muito derrubado, nunca vi ele desse jeito. Todo mundo duvidava que chegaria a esse ponto. Mas chegou”, observa outro interlocutor do petista.

Mesmo abatido, o ex-presidente tem dado sequência a viagens pelo País. Ele inicia hoje uma caravana pela região Sul. Chega ao Rio Grande do Sul e percorrerá Santa Catarina e Paraná. No dia 26 de março, quando a 8ª Turma do TRF-4 pode analisar o caso, Lula deve estar em Foz do Iguaçu (PR). A previsão é que depois dessa data ele siga para atos em Curitiba (PR), ironicamente onde pode ficar preso após a condenação.

Nesses atos como pré-candidato, além de sua defesa pessoal, Lula pretende priorizar discursos sobre Educação. Ele programa visitar universidades criadas no seu governo, lembrando ações promovidas nessa área durante sua gestão.

Com informações do Jornal O Globo