Um grupo de alunos da Escola Estadual Guilherme Teles Gouveia, do município de Granja, desenvolveu um sistema de irrigação alternativo com uma bomba hidrostática de baixo custo para auxiliar os agricultores locais. O projeto está entre os semifinalistas da 8ª edição do Prêmio Respostas para o Amanhã.
O projeto é uma iniciativa brasileira do Solve For Tomorrow, programa global da Samsung que desafia alunos e professores da rede pública de ensino a desenvolver soluções para a sociedade local com experimentação científica e/ou tecnológica por meio da abordagem STEM (sigla em inglês para Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática).
O projeto surgiu como solução para os agricultores, que até então só trabalhavam nas plantações durante o período de inverno por dificuldade em irrigá-las nos demais meses do ano, em razão da escassez de água na região. Segundo o professor e orientador do projeto, André Luiz Rocha, o desafio é regar a plantação em estações com menos chuva, principalmente, no verão.
PAPEL DO PROFESSOR E EMPENHO DOS ALUNOS
O professor André e os alunos do 3° ano do ensino técnico em agropecuária decidiram investir tempo e conhecimento na criação de uma bomba hidrostática, equipamento que fornece uma determinada quantidade de água por meio da pressão. Com garrafas retornáveis de dois litros e um calibrador de pneu para medir a pressão do recipiente, eles conseguiram desenvolver um equipamento capaz de manter a irrigação das plantações por muito mais tempo.
“Expliquei aos alunos o funcionamento da bomba hidrostática e a parte técnica. Então, fizemos quatro protótipos com possibilidades de erro, o que faz parte da pesquisa científica. Levamos o equipamento para a praça pública, onde realizamos alguns testes e calculamos a área irrigada e a quantidade de água despejada ao decorrer do tempo’’, disse André, que, ainda, acrescentou: ‘’Com a fase de testes concluída, procuramos pessoas com pequenas plantações de coentro, cebola e tomate, quando testamos novamente o equipamento, que foi aprovado pela população local”.
De acordo com a assessoria de comunicação da Samsung, atualmente, 45 unidades do projeto estão funcionando em todo o município de Granja, que tem pouco mais de 54 mil habitantes. Agora, o objetivo do grupo é levar oficinas de capacitação para agricultores das cidades no entorno, de forma a ensiná-los como produzir seus próprios sistemas de irrigação e ajudá-los em suas plantações.
IRRIGAÇÃO COM BAIXO CUSTO
“Com o projeto de irrigação de baixo custo, os alunos de Granja desenvolveram um protótipo criativo para resolver um problema real de sua comunidade. Esse é um exemplo de como o Solve for Tomorrow contribui tanto para a capacitação científica desses estudantes, quanto para o desenvolvimento de soluções inteligentes e sustentáveis para a sociedade”, afirma Isabel Costa, Gerente de Cidadania Corporativa da Samsung Brasil. “É sempre muito gratificante estimular o potencial dos estudantes e ver onde eles podem chegar quando investem seus conhecimentos em iniciativas capazes de melhorar o mundo”, completa.
“O projeto aborda uma temática urgente e apresenta uma solução de baixo custo, trazida pelos próprios estudantes”, aponta Ana Cecília Arruda, Coordenadora de Programas e Projetos do Cenpec – instituição responsável pela coordenação geral do Prêmio. “Ele também revela o potencial investigativo e criativo dos jovens, quando estimulados a fazer pesquisa científica partindo de situações reais e articulando diferentes áreas do conhecimento. São experiências como essa que o Prêmio Respostas para o Amanhã quer promover, de forma a incentivar e reconhecer o potencial científico dos estudantes de escolas da rede pública”.
“No começo as pessoas não acreditavam que funcionaria, mas com o tempo vimos crescer as plantações de feijão, milho, maxixe e jerimum, por exemplo. Cerca de 70% da população local vive da agropecuária e, no verão, nada se desenvolve porque a cidade é muito seca. Graças ao projeto, essas pessoas podem cultivar o ano todo e, além de vender, também trocam produtos entre elas. Nós quebramos o paradigma de que para ser cientista precisa usar jaleco e mudamos a realidade das pessoas”, conta André Luiz.