O candidato do Podemos à Presidência da República, Alvaro Dias, afirmou, nesta quarta-feira (29), que é possível remanejar parte dos recursos destinados hoje ao crédito rural para outras políticas de subvenção econômica a agricultores, como o seguro rural.
Segundo Dias, por meio de um programa de governo que priorize o ajuste fiscal e o combate ao déficit das finanças públicas, em dois anos, será possível reduzir as taxas de juros pagas atualmente, beneficiando os produtores rurais e todos osbrasileiros que necessitam de empréstimo para movimentar os negócios.
Dias e outros candidatos à Presidência participaram hoje de encontro promovido hoje pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e o Conselho do Agro, que reúne entidades do setor agropecuário. O objetivo foi ouvir proposta dos presidenciáveis para a área, em um formato que contou com apresentação livre, resposta a perguntas de integrantes da CNA e entrevista coletiva.
“Os últimos governos favoreceram o mercado financeiro em detrimento do setor produtivo, praticando altas taxas de juros. Se nós praticássemos uma política com taxas de juros compatível, o governo não precisaria subsidiar crédito agrícola e poderia investir em seguro rural”, afirmou Dias, fixando a meta para a partir do segundo ano de um eventual governo.
Para defender o ponto de vista o senador e ex-governador do Paraná citou o exemplo da Alemanha, que utilizou um “limitador emergencial de despesas” para acelerar o fim do déficit fiscal, atualmente em mais de R$ 100 bilhões. Caso essa proposta de ajuste fiscal e outras reformas como a da Previdência prosperem, ele disse acreditar que será possível reduzir as taxas de juros no país. “Se pudermos praticar baixas taxas como outros países, imagino que os recursos hoje destinados ao crédito rural poderiam, sim, constituir um fundo em favor do seguro rural.”
Assim como em outras ocasiões, Alvaro Dias criticou o “apetite desmesurado” do sistema financeiro e disse que os gargalos que prejudicam setores como a exportação de produtos agrícolas podem ser superados com o fim do modelo político atual, a desburocratização e os investimentos em tecnologia.
Citando denúncia contra o Brasil feita pelo governo japonês por incentivos tributários no setor automotivo, o candidato do Podemos comprometeu-se a criar um ambiente mais favorável, reduzindo as desonerações e fazendo com que a “política diplomática se volte para países de primeiro mundo”.
Dias defendeu o que classificou de segurança rural e disse que, se eleito, vai trabalhar contra invasões de propriedades. Ele afirmou que as propostas para reintegração de posse não foram suficientes, já que, hoje em dia, “o invasor não tem o ônus da prova”.
“Não é com revólver na cinta que nós vamos resolver problema de segurança do país. É claro que, como democrata, e o meu partido, o Podemos, fala em democracia direta, respeito à decisão popular, houve um plebiscito [pelo Estatuto do Desarmamento], e eu tenho que respeitar. Por isso, eu falo em flexibilização da legislação para o porte de armas, obviamente com a responsabilização para eventuais excessos e exageros. Ou até normas que possam inibir o porte de armas excessivo, que estabelecerão o que é necessário para obter arma”, disse.
Quanto à infraestrutura, Alvaro Dias lembrou que é de notório conhecimento o problema brasileiro em escoar a produção agrícola, necessitando de um sistema multimodal que envolva ferrovias, hidrovias e estradas. Questionado pelos jornalistas se tem uma meta específica para superar o gargalo, ele respondeu que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) poderia alavancar obras na área.
“Estamos prevendo que o Brasil tem que crescer 5% ao ano em média para até 2022 investir 22% do PIB [Produto Interno Bruto, soma de todos os bens e serviços produzidos no país] em setores essenciais como educação, segurança saúde, tecnologia, inclusive infraestrutura”, afirmou o candidato.
Com críticas a empreendimentos em países latino-americanos financiados, segundo ele, por gestões anteriores do governo brasileiro, o candidato sugeriu que o banco público pode estimular obras em conjunto com a iniciativa privada. “Se construímos tantas obras no exterior, por que não alavancar parcerias público-privadas através do BNDESPar [BNDES Participações] para obras de infraestrutura?”, questionou.
Os candidatos do MDB, Henrique Meirelles, do PSDB, Geraldo Alckmin, e da Rede, Marina Silva também participaram do evento.
AGÊNCIA BRASIL