Os transtornos para os filiados escolherem o candidato do PSDB à Presidência da República nas eleições de 2022 entraram para a agenda do partido em um ano marcado por divisões internas e pela desarrumação que a sigla vive na tentativa de recuperar espaços e voltar ao protagonismo no quadro político nacional.
As prévias começaram e pararam no meio do caminho com os problemas técnicos que impediram o funcionamento do Aplicativo escolhido para os militantes votarem e escolherem o candidato do PSDB ao Palácio do Planalto. A pane no Aplicativo, adquirido por R$ 1,3 milhão, impediu mais de 90% dos filiados votarem.
Com 44.700 inscritos aptos a votar e escolher entre João Doria, Eduardo Leite e Artur Virgílio o nome a ser lançado à Presidência da República, o PSDB encerra o domingo com muita frustração. Os dirigentes nacionais, estaduais e municipais esperavam que o processo de prévias fosse concluído e o PSDB abrisse um novo caminho de reflexão para curar feridas e se reinventar.
O quadro interno é de mágoas e ressentimentos e sem qual for o desdobramento da disputa polarizada entre João Doria e Eduardo Leite, as divisões irão continuar. Dos dois lados, os descontentes resistirão a permanecer no ninho tucano.
DESINTERESSE DE FILIADOS MOSTRA ENFRAQUECIMENTO DO PSDB
A suspensão da votação talvez diminua as tensões internas, restabeleça um ambiente de bom senso e, quem sabe, de reconstrução para, antes mesmo da retomada da eleição interna, o entendimento entre as diferentes correntes abra o caminho para o diálogo e a unificação em busca do fortalecimento da chamada terceira via na corrida presidencial.
A crise interna no PSDB está retratada nos números: ao anunciar a realização de prévias para escolha do candidato ao Palácio do Planalto, a Executiva Nacional passou a definir as estratégias para atualizar o cadastro de 600 mil filiados. Desse contingente, apenas 44.700 filiados se recadastraram e estavam aptos a votar nas prévias.
Ao final de um domingo tumultuado, com o sistema eletrônico sem funcionar, bem menos de 10% desses eleitores votaram. Agora, o PSDB tem muitos desafios: um desses desafios é reunir os pré-candidatos e convencê-los a renunciar para, de forma consensual, ser escolhido o nome que consiga atrair mais apoio interno e externo. Claro que a retomada das prévias é a agenda principal. O processo continuará, porém, gerando mais feriadas internas.
A avaliação nos bastidores é que, entre tantos desafios, está, também, uma urgente ação para segurar os deputados federais que sinalizam apoio à reeleição e conter a ameaça de debandada, já iniciada com a saída da deputada federal Mara Rocha (AC). Outro integrante da bancada federal que está pronto para pular fora do ninho tucano é o cearense Danilo Forte.
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