O aporte hídrico dos 157 açudes monitorados pelo Estado do Ceará, no mês de novembro, atingiu a melhor marca dos últimos dez anos para este mês. O Portal Hidrológico registra um total de 33,1% de água acumulada, marca que foi superada apenas em novembro de 2012.
Segundo o secretário dos Recursos Hídricos, Francisco Teixeira, em 2012 foi o último ano onde no mês de novembro as reservas estavam acima de 30%, porém com a ressalva de que era apenas o início ano da grande seca. “De 2013 pra cá o aporte dos açudes foi decaindo, chegando a atingir os menores índices em 2016, 2017 e 2018. No mês de junho, final da estação, os açudes se encontram sempre no seu melhor momento. Neste ano de 2022, chegamos a quase 40%. O último ano que atingimos esse percentual foi em 2013, quando atingimos mais de 40%”.
O volume acumulado neste ano de 2022 certamente refletirá em cenários futuros. O secretário Teixeira avalia que se houver uma quadra chuvosa regular poderemos ter, ao final de junho de 2023, um situação confortável dos açudes cearenses. “Os grandes açudes, como Castanhão e Orós, que estão com aporte satisfatório, em conjunto com um aporte considerável e uma quadra chuvosa regular pode fazer com que o nível dos açudes cheguem a 50% ao final da quadra chuvosa de 2023, mas ainda é muito cedo para fazer uma previsão precisa”.
Com a água acumulada nos açudes, o ano de 2023 começa com objetivo de aportar mais água para continuar garantindo o abastecimento hídrico do Estado, diferente dos anos anteriores, que primeiro precisavam recuperar os reservatórios secos para iniciar os aportes consideráveis. “Neste ano tivemos recargas interessantes no sul do Ceará, nas Bacias do Alto Jaguaribe onde o Orós chegou a 50%, na Bacia do Salgado que gera aportes para o Açude Castanhão, e sobretudo na Região Metropolitana onde os reservatórios chegaram a 100%. Mas nos preocupa ainda as Bacias do Curu, onde a recarga foi abaixo da média e em alguns pontos do Sertão Central que apresenta um nível de criticidade alta em alguns reservatórios”, pondera Teixeira.
Atualmente a região com o melhor aporte hídrico é o Baixo Jaguaribe, que se encontra com 79,3%. Por outro lado, a situação mais crítica se encontra na Bacia do Banabuiú, com apenas 10,4% de aporte. O Sistema de Recursos Hídricos do Ceará analisa o aporte dos açudes de acordo com o seu percentual, considerando açudes abaixo de 10% são considerados de situação muito crítica; abaixo de 30% situação crítica e, reservatórios acima dos 50% são avaliados como ‘confortáveis’.
Uso racional da água
Apesar dos bons índices, o Estado do Ceará apresenta uma irregularidade pluviométrica e aportes de açudes indefinidos, como explica o secretário Teixeira. “Podemos ter anos com chuvas muito boas, e bons aportes, e podemos tem anos com chuvas abaixo da média, de até uma década, como aconteceu recentemente, entre 2012 e 2018, 2019. Portanto, é preciso o uso racional da água para que tenhamos sempre alguma segurança”, conclui.