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O novo governo que toma posse na terça-feira chega cercado de expectativas na seara econômica. Para muitos analistas, com seus projetos reformistas e liberais, pode representar o caminho definitivo para o País deixar para trás uma recessão que ainda se faz sentir no dia a dia, pavimentando a estrada para a retomada de um ciclo de crescimento, enfim, sustentável. Mas ninguém tem a ilusão de que isso será fácil.

 Nos nove artigos publicados nesta edição especial, analistas apontam os principais desafios que o governo de Jair Bolsonaro e seu ministro da Economia, Paulo Guedes, terão de enfrentar para que o País possa voltar aos trilhos. O diagnóstico é conhecido: é necessário fazer reformas, e a mais importante e urgente é a mudança da Previdência Social.

Marcelo Caetano, secretário de Previdência do Ministério da Fazenda – e que fez da batalha pela aprovação da reforma a sua profissão de fé em seus dois anos e meio no cargo –, afirma que fazer essa mudança já não é mais uma escolha. “O Brasil já sabe o tamanho do problema. Mãos à obra”, diz.

O economista Gustavo Franco também faz questão de lembrar que a reforma da Previdência tem de puxar a fila, surgindo numa versão ainda mais ampla e elaborada que a tentada no governo de Michel Temer. Mas afirma também que é necessário ir muito além nessa rota de rearranjo do País. “Só há um preparativo para uma jornada ao desconhecido: ponha dinheiro no bolso, arrume a economia.”

E arrumar a economia, para José Roberto Mendonça de Barros, passa diretamente pela questão da produtividade.

O desenvolvimento econômico só ocorre e se sustenta através do crescimento persistente da produtividade”, diz.

E, de acordo com Elena Landau, a receita para isso está contida também na redução do Estado, o que significa uma venda generalizada de estatais. “Até que se prove o contrário, privatiza tudo.”

Para rearrumar a economia, segundo Bernard Appy, também é necessário atacar outro grave problema: a questão tributária. Ele afirma que o sistema brasileiro consegue ser, a um só tempo, “complexo, injusto e ineficiente”. Além disso, o País também precisa determinar quais são suas metas em relação ao comércio internacional, para poder definir seus interesses estratégicos, escreve Rubens Barbosa.

Uma das saídas para destravar a economia, dando mais previsibilidade a investidores, seria o apoio ao projeto de independência do Banco Central, defendido pelo ex-presidente do BC Affonso Celso Pastore. Para tudo isso, é claro, será necessário um alinhamento de visões e objetivos entre o novo governo e o novo Congresso, que toma posse em fevereiro, lembra o cientista político Carlos Melo.

Também seria bom contar com ajuda da economia internacional, que vem dando sinais de desaquecimento. Nesse sentido, para Barry Eichengreen, o Brasil deve pelo menos não cometer erros evitáveis em sua política econômica.

Com informações Agencia Brasil