Foram meses de preparação até a artesã da palha da carnaúba, Fátima de Oliveira, da Associação Carnaúba da Arte, de Aracati (CE), chegar à mesa de negociação com compradores internacionais. O encontro enfim aconteceu esta semana, durante a Rodada Internacional de Negócios, do Programa Exporta Mais Brasil, da ApexBrasil, a agência de fomento à exportação do governo federal. Com apoio da Secretaria da Proteção Social (SPS), por meio da Central de Artesanato do Ceará (CeArt), Fátima participou de capacitações e pôde apresentar um catálogo das peças e uma biografia do grupo, traduzidos para o inglês, para dez compradores de países como Holanda, Reino Unido, Irlanda, Áustria, Estados Unidos, China, Japão e Jordânia.
“Procurei mais conhecimento, melhorar as redes sociais do grupo e achei muito legal porque o meu produto interessou os compradores e foi uma experiência muito positiva participar dessa negociação”, conta a artesã, líder da associação que conta com aproximadamente 30 mulheres da comunidade do Jirau, em Aracati, distante 130 quilômetros de Fortaleza.
Nos dias 27 e 28 de setembro, durante a 5ª Feira Nacional de Artesanato e Cultura (Fenacce), Fortaleza foi sede da rodada de artesanato do Exporta Mais Brasil. No total, 58 artesãos de todo o País apresentaram seus trabalhos aos compradores trazidos pelo programa. O Ceará foi destaque entre os estados com o maior número de artesãos selecionados para o programa que contou com uma curadoria internacional. Seis artesãos cearenses participaram, entre eles, pelo segundo ano consecutivo, a artesã de crochê de São Gonçalo do Amarante, Conceição Juvêncio.
Para ela, o encontro abre portas para novos mercados que valorizem a produção cearense. “É uma experiência muito interessante porque temos contato com clientes de países diferentes. Ano passado, fechamos negócio com um comprador da Tailândia e, mesmo que esse ano não gere pedidos, sei que quando os pedidos vierem estaremos prontas para atender esses clientes de fora do País”, ressalta. Juvêncio trabalha há mais de vinte anos com o grupo Artfio, na comunidade Curral Grande, em São Gonçalo do Amarante, distante 60 km da capital cearense.
“É muito importante esse contato mais próximo com o mercado internacional. Hoje, já participamos de feiras nacionais e mesmo internacionais, que proporcionam que o artesanato cearense chegue ao exterior. Mas uma negociação direta entre artesãos e compradores é muito importante para que eles conheçam ainda melhor o mercado externo”, destaca Onélia Santana, secretária da Proteção Social.
A secretária destaca que, para promover a exportação do artesanato cearense, a CeArt realizou uma curadoria muito próxima aos artesãos participantes, selecionando peças e estimulando a inovação na produção de coleções e conteúdo para as redes sociais. Por meio da CeArt, a SPS também promove capacitações que preparam para esse tipo de negociação, entre elas, composição de preço e inovação dos produtos.
Nesta edição, os artesãos cearenses participaram de 38 reuniões da Rodada com uma avaliação positiva, segundo o representante Regional Nordeste da ApexBrasil, Sérgio Ferreira. “Os artesãos cearenses saíram bastante satisfeitos com negócios já fechados e muito bem avaliados pelos compradores”, afirma.
Com uma loja de artesanato brasileiro no Japão, a compradora internacional Yasuko Yamamoto disse que fez bons negócios durante a feira. “Foi muito legal para mim porque consigo encontrar diversos artesãos aqui porque cada um deles mora muito longe da cidade, mas aqui encontro muitos deles rapidamente”, explica, acrescentando que a procura maior é por artigos de palha, rendas e sementes. “Vou sair com muitas caixas no avião”, disse sorridente.
Visitas a polos artesanais
Para apresentar e promover o artesanato cearense aos compradores internacionais participantes da Rodada Internacional de Negócios, a SPS, por meio da CeArt, realizou uma visita a polos artesanais de Fortaleza e Região Metropolitana. Na segunda-feira, 25, os compradores de oito países visitaram o Centro de Rendeiras da Prainha, em Aquiraz, o estúdio Alumiar Design, da artesã Armênia Rocha, e a loja Ceart – galeria Mestre Noza, em Fortaleza.
Capacitações
Neste ano, o Governo do Estado, por meio da CeArt, já capacitou e assessorou quase quatro mil artesãos e grupos artesanais. Foram 2.244 produtos certificados. Vale destacar que o Ceará é o único estado a comprar os produtos para comercializar em suas lojas. Ou seja, o artesão não precisa aguardar que seus itens sejam comercializados nas lojas e e-commerce para receber o dinheiro.
Atualmente, são seis pontos de venda em Fortaleza e no Cariri, com destaque para uma loja no Aeroporto de Fortaleza. Os artesãos cadastrados na CeArt tem acesso a benefícios como isenção no Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), hospedagem gratuita na Casa do Artesão Cearense, em Fortaleza, e cursos e capacitações técnicas.
Artesãos cearense que participaram da Rodada Internacional de Negócios:
1) Maria da Conceição Juvêncio – ArtFio – Crochê – São Gonçalo do Amarante
2) Armênia Rocha – Fibras Vegetais – Fortaleza
3) Maria de Fátima de Oliveira Silva – Grupo Jirau – Fibras Vegetais – Aracati
4) Célia Maria Freitas – Genipoart – Fibras Vegetais – Juazeiro do Norte
5) Salete de Sousa Souto – Acart – Renda de Bilro – Trairi
6) Espedito Seleiro – Couro – Nova Olinda
(*)com informação do Governo do Estado do Ceará