A Assembleia Legislativa do Ceará instalou, nesta quinta-feira, uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar o financiamento de Associações de Policiais Militares. Estas são investigadas por suposto envolvimento no último motim dos agentes de segurança, que ocorreu em fevereiro de 2020.

O presidente da casa, Evandro Leitão, leu o parecer favorável da procuradoria da casa e determinou a abertura. Os partidos com representação na Assembleia terão um prazo de 120 dias para que indiquem os membros da comissão. A isntalação da Comissão foi feito pelo deputado Romeu Aldigueri (PDT) e teve o apoio de 31 parlamentares da base aliada e também de oposição.

A solicitação foi registrada ainda em fevereiro de 2020, quando policiais e bombeiros militares paralisaram as atividades por 13 dias, e dados da Secretaria Estadual do Planejamento, mostraram que mais de R$ 120 milhões foram recebidos por 12 associações de policiais militares nos seis meses que antecederam o motim. 

À época, o presidente da Assembleia, deputado Evandro Leitão disse que havia indícios de que os recursos eram “alocados para fins eleitoreiros e de movimento paredista”. 

Os agentes amotinados ficaram no 18° Batalhão da Polícia Militar, no bairro Antônio Bezerra, em Fortaleza. O movimento chegou ao fim depois que o PMs aceitaram a proposta do Governo do Estado de rever casos de forma individual e tratar cada um deles conforme as garantias constitucionais. 

Durante os dias em que estiveram com os serviços interrompidos, o Ceará registrou uma crescente nos casos de violência urbana. Entre 19 e 25 de fevereiro, por exemplo, foram contabilizados 195 homicídios, e o mês foi considerado o mais violento dos últimos oito anos. 

Uma das medidas após o fim da paralisação, foi o afastamento de 230 agentes das funções por motim, insubordinação e abandono de posto de trabalho. Os pagamentos dos salários foram suspensos por 90 dias. Além disso, os envolvidos devem devolver o distintivo, a identidade funcional, a algema e a arma.