A criação de uma frente parlamentar em defesa da cajucultura cearense foi uma das propostas apresentadas na audiência pública promovida pela Assembleia Legislativa na tarde desta terça-feira (27). Durante o encontro, foi debatida a importância da cajucultura para a economia do Ceará e o incentivo à sua produção.

O deputado Romeu Aldigueri (PDT), autor do requerimento, disse que pretende começar, ainda esta semana, a coleta de assinaturas junto aos outros 45 deputados para a implantação da frente parlamentar. O deputado lembrou que caju, assim como a carnaúba no passado, gera milhares de empregos no interior do Estado. Segundo informações, no ano passado, de agosto a dezembro, foram mais de 150 mil empregos, mas ultimamente a produtividade do caju vem caindo. O estado chegou a ter 10 indústrias de beneficiamento de castanha de caju hoje são apenas três.

Para o presidente do Sindicato dos Produtores de Caju do Estado do Ceará (Sincaju), Paulo de Tarso Meyer, é inadmissível que uma cultura que chegou a colocar o Estado do Ceará como o maior produtor de castanha do Brasil e entre os maiores produtores do mundo esteja na situação em que se encontra hoje com a produção em declínio. Segundo ele, para o Ceará voltar a ser destaque na cajucultura é preciso uma maior atenção no campo, plantar na hora certa, dar uma maior assistência técnica aos produtores rurais e investir em tecnologia e capacitação.

A falta de investimento no setor também foi apontada pelo presidente da Associação dos Cajucultores do Ceará (Ascaju) e presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Horizonte, Francisco José de Souza, como uma das causas do declínio da cajucultura no Ceará.

O último investimento pesado no setor da cajucultura aconteceu no final da década 1970, começo dos anos 1980, feito pela Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene). Hoje a produção do Ceará representa 53% da cajucultura do Brasil e mesmo assim, a produção de caju no Brasil perde para o Vietnã, para a Índia e para a África, observou.

Também participaram da audiência pública, o deputado Nezinho Farias (PDT); Francisco Carvalho de Araújo, da Secretaria da Ciência, Tecnologia e Educação Superior (Secitece);  José de Souza Paz, da SDA; Amilcar Silveira, presidente da Câmara Setorial do Agronegócio no Ceará; Antônio José Teixeira, presidente do Sindicato das Indústrias de Açúcar e de Doces e Conservas Alimentícias do Estado do Ceará (Sindicaju); Paulo Jorge Mendes, do  SEBRAE-Ce; Emanoel Maia Mota, presidente do CREA;  Antônio Amorim, da Ematerce; Rodrigo Diógenes, da Federação da Agricultura e  Pecuária do Estado do Ceará, além de representantes da Secretaria do Meio Ambiente e produtores rurais dos municípios de Beberibe, Ocara e Redenção.