Fernando Haddad (PT), oficializado nessa terça-feira, 11, como candidato do PT à Presidência da República, teve a primeira candidatura à Prefeitura de São Paulo, em 2012, bancada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mesmo sem ter experiência eleitoral.
Acadêmico paulista que ocupou cargos de destaque nos governos petistas, Haddad foi eleito em 2012, mas com a popularidade do PT desgastada, fracassou na tentativa à reeleição quatro anos depois. Agora, o ex-professor universitário vai disputar a Presidência da República, mais uma vez sob a sombra do seu padrinho político.
Professor de ciência política da USP, Haddad chegou ao governo federal em 2003, como assessor de Guido Mantega no Ministério do Planejamento. Dois anos depois, assumiu o Ministério da Educação do governo Lula. Sua gestão na pasta ajudou a expandir o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e criou o Prouni, que concede bolsas de estudo em universidades a alunos de baixa renda.
Mas enfrentou também polêmicas como a do “kit gay”, material anti-homofobia que teve distribuição nas escolas cancelada após críticas. Haddad deixou o cargo de ministro da Educação em janeiro de 2012 já sob a perspectiva de concorrer à prefeitura.
Com Dilma Rousseff eleita à Presidência em 2010, Haddad era considerado o segundo “poste” de Lula – um ex-ministro nunca eleito, mas com apoio do ex-presidente, que concorreria a um cargo no Poder Executivo. O petista venceu José Serra (PSDB) no segundo turno, com 55% dos votos válidos.
Sua gestão foi marcada por obras de mobilidade, como ciclovias e corredores de ônibus. Em junho de 2013, virou alvo de protestos contra o aumento de tarifas do transporte público, que se estenderia pelo mês seguinte e desgastaria a classe política no país e a popularidade do PT. Haddad também gerou insatisfações na periferia da capital, tradicional reduto do eleitorado petista.
Foi acusado de ser um prefeito preocupado apenas com a região central da capital, priorizando ações como a construção de ciclovias e a abertura da avenida Paulista para pedestres aos domingos. Ao concorrer à reeleição, em 2016, perdeu no primeiro turno para João Doria (PSDB) — algo inédito na cidade desde que as eleições passaram a ter dois turnos, em 1992.
Nos últimos anos, Haddad virou um dos alvos das delações da Lava Jato e de ações do Ministério Público de São Paulo por supostas irregularidades na prefeitura. Pouco antes e logo depois de ser eleito prefeito de São Paulo, se encontrou com o dono da empreiteira UTC, Ricardo Pessoa.
Pessoa afirma em sua delação que poucos meses depois o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto o procurou para solicitar o pagamento de uma dívida de R$ 3 milhões da campanha. Com a ajuda do doleiro Alberto Youssef, outro delator da empreiteira negociou a diminuição do valor a ser pago e foram bancados R$ 2,6 milhões, descontados de uma espécie de conta corrente de propina que a empreiteira tinha com o partido.
Esses são os principais elementos que embasaram três acusações do Ministério Público contra o petista. Segundo os delatores, o dinheiro seria pago ao ex-deputado estadual Francisco Carlos de Souza, o Chicão.
Além dos depoimentos, documentos levantados pela Polícia Federal apontam indícios de que Chicão recebeu pagamentos do doleiro por meio de transferências e de dinheiro em espécie.
A primeira ação contra Haddad sobre o caso foi apresentada em maio deste ano pela Promotoria Eleitoral e já foi aceita pela Justiça. O ex-prefeito foi denunciado sob acusação da prática de caixa dois.
No fim de agosto, a Promotoria do Patrimônio Público propôs ação civil sob acusação de improbidade administrativa. Uma semana depois, em 4 de setembro, Haddad foi denunciado pelo Grupo de Repressão a Delitos Econômicos do Ministério Público paulista (Gedec) acusado de praticar os crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e associação criminosa.
Promotores ligam as reuniões que Haddad teve com Ricardo Pessoa à possibilidade de a empresa ser beneficiada com contratos públicos em sua gestão na prefeitura. No entanto, como os delatores não disseram que o ex-prefeito pediu benefícios nessas reuniões, esse virou o principal argumento da defesa para justificar que Haddad não se envolveu em irregularidades.
Haddad também foi alvo de outras duas ações civis de improbidade pelo Ministério Público de São Paulo. Uma das ações, aceita pela Justiça, diz que houve irregularidades na construção de 12,4 km de ciclovias.
Entre as suspeitas estão o uso de um tipo de contrato que dispensaria a necessidade de licitação e superfaturamento das obras. Haddad nega irregularidades. Sua assessoria afirmou que o próprio juiz em seu despacho cita “as medidas tomadas pelo prefeito no âmbito da Controladoria Geral do Município, por ele criada, como argumento para afastar qualquer culpa ou dolo”.
A outra ação foi movida por causa de desvios no Theatro Municipal de São Paulo. O Ministério Público exige a devolução de R$ 129,7 milhões. De acordo com a acusação, ao “arrepio da lei” e com o “aval de Haddad”, uma organização social de “fachada” teria sido constituída para gerenciar o Theatro Municipal. Na defesa apresentada à Justiça, Haddad afirma que a acusação apoia-se em atos que não foram praticados por ele.
Nova candidata a vice, Manuela foi líder estudantil
Ao contrário do companheiro de chapa, a candidata a vice Manuela D’Ávila (PC do B) construiu uma carreira precoce nas campanhas eleitorais.
Aos 23 anos, em 2004, foi a vereadora mais jovem a se eleger em Porto Alegre. Hoje aos 37, deixou de lado a possibilidade de concorrer à Presidência para apoiar o candidato do PT. Chegou a lançar a candidatura, mas abdicou para ser vice do PT caso a Justiça não permitisse a candidatura de Lula, o que era esperado.
Formada no movimento estudantil, foi deputada federal de 2007 a 2014. Desde então é deputada estadual pelo RS.
Com informações do Jornal Folha de São Paulo