A Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF) enviou ao presidente Michel Temer uma sugestão de nomes para substituir o atual diretor-geral da corporação, Leandro Daiello. O pedido de troca foi protocolado nesta tarde no Palácio do Planalto no comando da PF e contém uma lista tríplice aprovada em maio do ano passado pelos membros da associação.
Os delegados querem aproveitar a licença do atual ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, após ter sido indicado por Temer para o Supremo Tribunal Federal, para cobrarem autonomia da PF e reforço à Operação Lava Jato.
De acordo com José Augusto Versiani, membro da direção da associação a escolha de um diretor-geral pela própria categoria é importante para que a população saiba que as operações de combate à corrupção terão continuidade. Ele cita como exemplo o cargo máximo do Ministério Público, onde se tornou praxe há alguns anos a nomeação do procurador-geral da República pertencente a lista tríplice promovida pela Associação Nacional dos Procuradores da República.
Os delegados Érika Marena, Rodrigo de Melo e Marcelo Eduardo Freitas foram selecionados para a lista tríplice em 2016, ainda durante a interinidade de Temer na Presidência. Da eleição, participaram 1.338 delegados dos 2.257 membros da ADPF. No documento encaminhado a Temer, a associação aponta a saída de Daiello como “necessária” e justifica que a atual direção está no cargo há seis anos “sem modernização e avanços na gestão”.
“Em assembleia na sexta-feira passada, 70% dos delegados que estiveram [presentes] no Brasil inteiro disseram que é necessária uma renovação da Polícia Federal”, disse Versiani ao ser perguntado se a ADPF é contra a permanência de Daiello à frente da instituição. “Nós esperamos que neste momento crítico, em que são colocadas tantas dúvidas quanto à lisura e mesmo a continuidade da Operação Lava Jato, que o presidente saiba da necessidade de uma ação efetiva para garantir à população brasileira que será dada a continuidade e que a atuação da Polícia Federal será cada vez mais isenta, respeitada e autônoma”.
Lava Jato
Versiani não descartou que o movimento por mudança na corporação tenha ganhado força após a notícia da saída do delegado Márcio Anselmo da Força Tarefa da Lava Jato. Segundo ele, outros três delegados que deixaram Curitiba anteriormente eram “considerados principais para o começo da Lava Jato”.
“O delegado Márcio é um excelente delegado. Ele é o pai da Operação Lava Jato, é muito respeitado. A pergunta é: por que ele alega estar cansado e não o procurador Delton Dallagnol [coordenador da força tarefa pelo Ministério Público]? Por que a parte do Ministério Público Federal em Curitiba está de vento em polpa, continua trabalhando, e você vê esse tipo de crise interna na Lava Jato em Curitiba?”, questionou.
Na semana passada, o presidente da associação, Carlos Eduardo Sobral, também lamentou a saída de Márcio Anselmo e a creditou à “falta de apoio da direção geral”, o que o teria levado ao “esgotamento físico e mental”.