O ex-deputado do PMDB Sandro Mabel disse nesta quarta-feira, 24, ao Estado que avisou ontem ao presidente Michel Temer que deixaria de atuar como assessor no Palácio do Planalto. “Acertei ontem com o presidente saída do governo”, disse. O Palácio do Planalto também já confirmou que Mabel está deixando suas funções no Palácio.
Mabel explicou que atuava como uma espécie de auxiliar do governo Temer, sem receber salário por isso. Ele também disse que já tinha combinado sua saída desde dezembro do ano passado. Agora, declarou, a cobrança da família pesou na decisão de deixar o governo.
Sobre a crise pela qual passa o presidente Temer em decorrência da delação da JBS, Mabel comentou: “Acho que o presidente vai conseguir superar este momento”. E acrescentou: “Quanto a mim, estou me aposentando. Vou sentir saudades do trabalho na política”.
Ao falar de sua atuação no Planalto, Mabel relatou que foi um colaborador. “Eu estive com o presidente em setembro e pedi para sair. Voltei a pedir em novembro e depois em dezembro. Agora mandei uma carta”, disse. “Na conversa de ontem, não teve nenhuma dificuldade, pois estava pedindo para sair fazia tempo e estava lá só para ajudar mesmo. Meu prazo no governo já tinha vencido”, concluiu.
Com Mabel, já chega a quatro o número de auxiliares diretos de Temer que deixaram o governo recentemente. Além dele, saíram José Yunes, Rodrigo Rocha Loures e Tadeu Filippelli. Este último foi preso ontem pela Polícia Federal por suspeita de desvios de recursos nas obras do Estádio Mané Garrincha para a Copa de 2014 quando ele era vice-governador do Distrito Federal. Ainda em novembro do ano passado, Temer já havia perdido Geddel Vieira Lima, que era ministro da Secretaria de Governo. Todos eles – Geddel e esses assessores – ajudavam Temer na interlocução com Congresso ou empresariado.
Em março deste ano, Mabel já tinha pedido desligamento do governo, porém afirmou que o presidente disse que não era um bom momento e pediu para que ele ficasse no cargo por pelo menos até o próximo semestre. Na época, Mabel, que foi um dos articuladores do processo de impeachment contra a ex-presidente Dilma Rousseff no Congresso, já negava que o pedido da saída do governo tenha ocorrido em razão de possíveis desdobramentos da Lava Jato.
Investigação. Poucas horas antes de a delação do empresário da JBS, Joesley Batista, ser divulgada pela imprensa, na última quarta-feira, 17, o Ministério Público Federal em Goiás tinha requisitado à Polícia Federal a abertura de inquérito para investigar supostos pagamentos ilícitos, em 2010, por executivos ligados à Odebrecht a Mabel (PMDB-GO), na época deputado.
O ex-deputado teria recebido R$ 100 mil em caixa dois, segundo delações premiadas.
Em outra delação da Odebrecht, Mabel é um dos políticos que supostamente teriam recebido propina das empreiteiras Odebrecht e Andrade Gutierrez em torno do projeto da Usina de Santo Antônio, no Rio Madeira, em Rondônia. Na citação dos delatores, R$30 milhões teriam sido divididos igualmente entre o ex-deputado e outros dois políticos.
Com informações O Estado de São Paulo