O mercado reagiu positivamente à apresentação do novo texto da reforma da Previdência. Após o relator da proposta, deputado Samuel Moreira (PSDB-SB), ressaltar que o impacto fiscal seria de quase R$ 915 bilhões em 10 anos, os agentes ficaram mais otimistas. Apesar disso, a retirada dos estados e municípios do texto desanimou, e a taxação de bancos fizeram as ações das instituições financeiras caírem. O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo (B3), subiu 0,46%, aos 98.773 pontos.
A variação chegou a encostar em 0,8%, mas os ganhos foram amenizados durante o dia. O dólar, por sua vez, caiu 0,31%, cotado a R$ 3,854. Segundo analistas, o movimento é favorável para os investimentos. A elevação de alíquotas da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) dos bancos prejudicou as ações das instituições financeiras, mas não deve inverter a tendência positiva para as aplicações.
O relator quer estabelecer aumento das taxas, de 15% para 20%. As ações preferenciais do Bradesco tombaram 1,09%, enquanto os papéis do Itaú e do Banco do Brasil recuaram 1,79% e 1,59%, respectivamente. A cobrança mais elevada é uma forma de compensar o impacto fiscal menor de R$ 1 trilhão, como era defendido pelo ministro da Economia, Paulo Guedes. Além disso, a medida minimiza o discurso de que a reforma prejudica os mais pobres.
O economista-chefe do Quantitas Asset, Ivo Chermont, afirmou que o texto reduz as desigualdades, mas o assunto ainda não é tão palatável a todos. Por isso, a maior taxação se faz positiva no cenário atual. Segundo ele, a tendência é de que a B3 tenha resultados positivos no prazo de três meses, já que os parlamentares se mostraram mais dispostos a aprovar o texto. “Na quarta se falou de uma Previdência com economia de R$ 800 bilhões, mas hoje (nesta quinta-feira — 13/6) apareceu números melhores. Há melhora não só na perspectiva de aprovação como no número final. Um mês atrás não era absurdo falar que seria de R$ 600 bilhões. O relator apresentou impacto de R$ 900 bilhões, que pode ser diluído um pouco mais, mas que já está virando um pouco maior do que a média esperada”, destacou.
Para a sócia-diretora da FB-Wealth, Daniela Casabona, o texto da reforma agradou e há uma percepção de maior chance de aprovação da reforma. “Já estava precificado que não iria passar uma reforma com impacto fiscal de R$ 1 trilhão. Mas as sinalizações que temos nessa última semana são boas. Há uma percepção de que a pauta econômica é apoiada pelos parlamentares. Poderemos ter um impacto negativo nos mercados, caso haja uma desidratação muito maior, mas hoje vemos uma tendência positiva”, ressaltou.
De acordo com os analistas, a retirada da capitalização não preocupa, porque sabiam que o tema seria de difícil discussão no Congresso. Além disso, é possível implementar o novo sistema no próximo semestre, em outro projeto.
Setor de serviço recua em abril
O setor de serviços recuou 0,7% em abril em relação ao mesmo mês do ano passado, com perdas em duas das cinco atividades pesquisadas. Para o gerente da Pesquisa Mensal de Serviços divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Rodrigo Lobo, a demanda enfraquecida e a falta de investimentos são elementos que dificultam uma recuperação do setor. O índice de difusão de serviços — que mede a proporção dos 166 segmentos investigados com avanços no volume prestado — aumentou de 44,0% em março para 48,8% em abril.
“Ainda está negativo, tem mais da metade dos serviços com queda em relação ao mesmo mês do ano anterior”, ressaltou Lobo.
(*)com informação do Correio Braziliense