O Banco do Nordeste voltou ao noticiário nacional com denúncias sobre possíveis irregularidades em um contrato de gerenciamento do microcrédito que retratam, mais uma vez, a disputa política pelo comando da mais valiosa instituição do Governo Federal na Região.

Se os políticos estão de olho no poder que o Banco do Nordeste proporciona, o mercado financeiro volta os olhos para a carteira de crédito da instituição – a maior do País, com R$ 30 bilhões para fomentar negócios de pequenos empreendedores. O valor médio dos empréstimos é de R$ 2,7 mil.

O presidente da Executiva Nacional do PL, ex-deputado federal Valdemar Costa Neto, levantou suspeição sobre o contrato de R$ 583 milhões com o Instituto Nordeste Cidadania (Inec), uma organização da sociedade civil de interesse público (Oscip).

O contrato começou no primeiro ano de gestão do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, passou pelos governos Dilma e Temer e se mantém até os dias atuais, após ser submetidos a permanentes auditorias. Para os aliados do Palácio do Planalto, a parceria deixa poderes nas mãos de petistas.

A denúncia de eventuais irregularidades na gerência do microcrédito vai muito além da questão ideológica e passa, principalmente, pelo cargo que representa a direção do BNB no contexto político e, especialmente, do crédito. As informações de bastidores do Passaré apontam que o Banco do Nordeste tem uma carteira de microcrédito avaliada internamente em R$ 30 bilhões.

Com a denúncia, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, aliado do governo Jair Bolsonaro, pediu a demissão de toda a diretoria. Nos bastidores políticos, Costa Neto já teria apontado um nome para substituição do atual presidente Romildo Rolim.

TRAJETÓRIA DE ROMILDO ROLIM

Servidor de carreira do BNB, Romildo Rolim chegou ao comando da instituição no governo Michel Temer, mas, em meio a pressões políticas, foi substituído, em 2020, pelo servidor da Casa da Moeda, Alexandre Borges Cabral, indicado pelo PL.

Poucos dias após assumir o cargo, Cabral sucumbiu à revelação de uma denúncia sobre “gestão temerária” na Casa da Moeda, segundo o Tribunal de Contas da União. Com a queda de Cabral, Rolim voltou ao cargo, ganhando, ao mesmo tempo, apoio do PL e mantendo o respaldo da equipe do Ministro da Economia, Paulo Guedes.

As pressões para substituição do comando do BNB chegaram ao Palácio do Planalto e sobre a mesa do Ministro da Economia, Paulo Guedes, estão os nomes indicados para os diferentes cargos da instituição. Qualquer decisão sobre uma possível troca de presidente, o Conselho de Administração do banco precisa ser convocado, o que não aconteceu até o final da tarde desta quarta-feira.

Respeitado dentro e fora do BNB, Romildo Rolim foi a Brasília, e, embora não tenha feito declarações públicas, nos bastidores políticos circula a informação de que ele, Rolim, contesta eventuais irregularidades na administração do microcrédito.

Uma reportagem do site do Jornal O Estado de São Paulo publica, nesta quarta-feira, nota emitida pelo BNB. A nota, de acordo com a reportagem, descreve que “Eventuais mudanças no modelo de atuação do banco, no segmento de microcrédito, necessariamente precisam seguir os princípios da governança, compilance, ética, integridade e transparência, valores imprescindíveis na tomada de decisão de uma operação de tamanha complexidade”.

(*)