Se a América Latina e o Caribe quiserem realmente obter resultados positivos no combate ao crime e à violência precisam investir mais em medidas de prevenção. O alerta foi feito pelo Banco Mundial, em um painel de especialistas realizado nesta terça-feira (7), em Washington, com base em relatório sobre o assunto emitido pela organização.
Segundo o documento, não basta confiar apenas no aumento do efetivo policial nem nas prisões. Só com políticas preventivas é que a região poderá “construir um tecido social mais inclusivo”, com mais igualdade de oportunidades, que permitirão reduzir as taxas de abandono escolar e aumentar o emprego juvenil.
“Os altos níveis de criminalidade e violência têm um pesado impacto no desenvolvimento e um alto custo em vidas humanas”, disse Jorge Familiar, vice-presidente do Banco Mundial para a América Latina e o Caribe. Dados apontam que na região pelo menos quatro pessoas são vítimas de homicídio a cada 15 minutos.
O crime e a violência estão altamente concentrados geograficamente em bolsões específicos dentro de bairros e cidades, de modo que nem todos os países, cidades ou comunidades da região sofrem os mesmos níveis de violência, diz o documento. Porém, o relatório observa que não há “fórmula mágica ou política única” para corrigir o problema.
O combate à violência envolve uma combinação bem direcionada de ações que devem começar antes mesmo do nascimento , com vistas a obter benefícios na adolescência e na vida adulta. Porém, políticas eficazes com horizontes de mais curto prazo também devem estar disponíveis para a fase mais tardia da vida, envolvendo investimentos em educação, programas de habilidades comportamentais e esforços bem orientados de redução da pobreza, enfatiza o Banco Mundial,
O banco cita, entre essas políticas, medidas para o desenvolvimento da primeira infância, e ações no âmbito da educação e da redução da pobreza, como visitas domiciliares de agentes de saúde. São medidas que, “comprovadamente reduzem a probabilidade de que as crianças fujam de casa, ou venham a ser presas ou condenadas no futuro”, diz o relatório.
Os resultados positivos de programas que permitem reduzir a crimindalidade estão associados também “a políticas que desencorajam o abandono do ensino médio”. O relatório conclui que, mesmo políticas de saúde devem ser consideradas para prevenir o crime e a violência. E reconhece que a eficácia de muitas dessas políticas preventivas depende muito mais da capacidade institucional para implementá-las do que do mero desejo de colocá-las em prática.