Em linha com seu perfil discreto de atuação, o Banco Safra lançou sem alarde sua maquininha de processamento de operações com cartões, a SafraPay, para concorrer diretamente com Cielo, do Bradesco e do Banco do Brasil, e Rede, do Itaú. Para brigar nesse mercado em que as duas maiores companhias dominam 85% das operações, o Safra promete taxas “competitivas”.
“A orientação é não perder cliente”, diz o superintendente executivo de varejo do Safra, Gustavo Gomes, sem revelar as taxas que o banco cobrará pelas transações – em média, as credenciadoras (empresas que vendem ou alugam as maquininhas) cobram cerca de 2,75% do valor da operação de crédito. Esse montante é posteriormente dividido entre banco, bandeira do cartão e credenciadora, que costuma ficar com 40%.
As maquininhas do Safra começaram a ser alugadas a varejistas no início deste mês, seguindo o modelo das concorrentes tradicionais, e não das mais novas, como a PagSeguro, controlada pelo UOL, que vende os equipamentos para reduzir o custo fixo de seus clientes e atender empresas pequenas e trabalhadores autônomos.
O foco inicial do Safra são companhias com faturamento anual superior a R$ 1 milhão, mas há planos para entrar em segmentos menores.
Por enquanto, a SafraPay opera apenas em São Paulo, mas a intenção é que chegue a todo o País “rapidamente”. O modelo de negócio da maquininha prevê que todo o atendimento operacional seja feito pelos próprios funcionários do banco e que aqueles que passarem a usar o equipamento tenham acesso a todos os produtos do banco.
Para o analista Luis Miguel Santacreu, da Austin Rating, a entrada do Safra no segmento faz sentido, pois o banco tem forte atuação entre empresas de médio porte e é um dos pioneiros em desconto de recebíveis (antecipação de valores que as empresas têm para receber de vendas feitas com cartão de crédito).
O consultor Boanerges Ramos Freire, porém, diz que não será fácil o Safra ser um dos líderes do mercado, como pretende. “O banco tem potencial, capital e experiência, mas o Santander entrou no segmento em 2010 – quando fez parceria com a GetNet, comprada pelo banco em 2014 – e ainda não tem 15% do mercado. As grandes têm boa relação com os clientes.”
Com informações O Estado de São Paulo