Beneficiários do Auxílio Emergencial e do Bolsa Família foram responsáveis pela doação de quase R$ 24 milhões de reais na campanha eleitoral de candidatos a prefeito e vereador neste ano. As investigações sobre pessoas sem renda custeando candidaturas mostrou uma lista de CPFs que aparecem como doares, totalizando quase R$ 23,8 milhões. O assunto foi repercutido pelos jornalistas Luzenor de Oliveira Beto Almeida nesta segunda-feira (26).

Luzenor destaca que a doação não é irregular desde que não ultrapasse 10% da renda do ano anterior do doador, conforme declarado no Imposto de Renda Pessoa Física. “Uma pessoa que recebe o auxílio emergencial, provavelmente poucas estarão em condições de doarem dinheiro a Campanha Eleitoral deste ano. Condições do ponto de vista econômico e financeiro, do ponto de vista legal elas podem estar aptas a doar porque essa doação, esse percentual de 10% da renda é com base no que o doador ou doadora recebeu no ano anterior”, diz Luzenor.

Beto Almeida pontua que, de fato, não há irregularidade na doação, porém, se for comprovada a falta de capacidade econômica dos doadores que estão inscritos no Bolsa Família ou mesmo no Auxílio Emergencial, isso pode trazer problemas para esses candidatos. “Imagina uma pessoa que esta inscrita no Auxílio Emergencial mesmo que tenha recebido todas as parcelas, essa pessoa não está em condições de fazer doação nenhuma a candidato, do mesmo jeito o pessoal que está inscrito no Bolsa Família. Ou quem tá inscrito que recebeu esse benefício não precisa desse benefício e ai ele precisa ser cortado ou o candidato acabou utilizando e fazendo dessa pessoa um laranja”, afirma Beto.

O jornalista Luzenor de Oliveira diz que é pouco provável que quem recebe o Bolsa Família tenha a iniciativa ou boa vontade de doar dinheiro para o candidato. Ele pontua que alguém que recebe R$ 250 reais por mês como benefício assistencial, vai somar ao longo do ano um valor de 3 mil reais e, portanto, seria algo improvável retirar R$ 300 reais desta quantia para doar a um candidato. “Essa generosidade não existe”, fala Luzenor.

Não existe. Ela na realidade se existir compromete a sobrevivência de quem recebe e de quem está inscrito no programa social como é o caso do Bolsa Família, porque ele é feito pra suprir a carência, a dificuldade para manutenção básica de uma família, então você abrir mão de por exemplo 300 reais pra você doar para uma campanha política é algo que eu diria no mínimo improvável, então isso vai acabar gerando problema”, conclui Beto Almeida.