Quando o desaparecimento do cantor se tornou público, em 2008, e a imprensa passou a seguir seus passos no Brasil e no Uruguai (onde foi encontrado pela equipe do “Fantástico”, em 2009), especulou-se que o retiro de Belchior se deu por dificul-dades econômicas.

Amigos e profissionais que trabalharam com ele até o encerramento da carreira, contudo, afirmam que o cantor e compositor possuía bens e fontes financeiras com os quais poderia quitar as dívidas e se manter no período em que vagou por Uruguai, Porto Alegre e cidades do interior do Rio Grande de Sul, até encerrar seus dias em Santa Cruz do Sul, a 150 quilômetros da capital.

— Belchior não tinha problemas econômicos, tinha dificuldades financei-ras circunstanciais. Como parou de fazer shows, ele perdeu liquidez, mas ainda tinha um patrimônio considerável, incluindo imóveis — argumenta o empresário Jackson Martins, que tra-balhou por 14 anos com o cantor, até seu último show profissional, realizado em Colatina (ES), em 2006. — Fizemos mais de 200 shows do disco “Um concerto a palo seco”, gravado em 1999 com o violonista Gilvan de Oliveira. Nos apresentáva-mos um dia no Vale do Je-quitinhonha e, no outro, em Curitiba. Conheço o Brasil inteiro graças ao Belchior.