Cordelistas, repentistas e outros mestres da cultura saíram em cortejo pelos estandes da 12ª Bienal Internacional do Livro do Ceará, em Fortaleza, apresentando carisma e sagacidade em versos. O pandeiro, o chocalho, o tambor, a viola caipira e a rabeca davam pano de fundo para a apresentação deles, que várias atraia pessoas ao longo do percurso.
“Cada pessoa é um livro/Merece reflexão/O mundo, a biblioteca/Com enorme dimensão/É oportuna essa frase/Porque serve como base/E tema desta edição”, canta o cordel escrito pelo violeiro e poeta cearense Geraldo Amâncio especialmente para o evento. A publicação foi distribuída entre os visitantes da feira.
O escritor Lira Neto, contou que, quando foi chamado para fazer a curadoria do evento, pensou em valorizar, na programação, “os acervos vivos, o saber coletivo”. “Nesta bienal, nós estamos colocando a dita cultura dos livros em pé de igualdade com as oralidades, com a cultura popular”, destacou.
Esta edição da Bienal reúne expositores de todo o Brasil e deve atrair cerca de 50 mil pessoas por dia. A programação se estende até o dia 23 de abril. Na programação do evento, há palestras, workshops e encontros temáticos, com a presença de escritores brasileiros e estrangeiros, como a ítalo-brasileira Marina Colasanti e o angolano Valter Hugo Mãe.
Os mestres da cultura, por exemplo, terão espaço diário com rodas de saberes no Auditório Mestres e Mestras da Cultura e na Praça do Cordel, onde também há a venda de cordéis, xilogravuras e outros produtos da cultura popular.
Na solenidade de abertura da Bienal, realizada ontem (14), foram prestadas homenagens a Geraldo Amâncio e ao repentista baiano Bule Bule, um dos mais renomados mestres da cultura do Brasil. O agradecimento veio em forma de repente.
“O que eu penso é fazer uma peça diferente/Trinta mil dúzias de cordel, duas mil dúzias de repente/Botar tudo numa caixa e trazer ‘praqui’ de presente”, cantou Bule Bule.