O Ibovespa, índice que reúne as ações mais líquidas da Bolsa, iniciou esta semana como havia fechado a última: renovando seu recorde histórico de fechamento. O indicador, que durante o dia chegou a alcançar o patamar inédito de 76.403,57 pontos, encerrou o pregão desta segunda-feira, 18, em alta de 0,31%, aos 75.990,40 pontos. Com este resultado, a valorização da Bolsa em setembro é de 7,28% – variação que já é superior aos 6,49% acumulados em todo o mês de agosto. No ano, a alta acumulada é de 26,17%.
O dólar à vista também registrou em alta. A cotação da moeda americana teve valorização de 0,66% ante o real, fechando aos R$ 3,1338.
O estímulo positivo para o Ibovespa veio do cenário internacional, onde as bolsas registraram ganhos, amparadas pela expectativa de manutenção dos juros nos Estados Unidos pelo Federal Reserve na reunião desta semana, a despeito da chance de anúncio do início da redução do balanço da instituição.
No câmbio, a direção também foi dada pelo exterior. A valorização do dólar sobe ante o real reflete os ganhos da moeda ante divisas emergentes e ligados a commodities no mercado internacional. Também se trata de uma resposta à desvalorização mais acentuada do petróleo, que chegou a registrar perdas ao redor de 1%.
Essa trajetória, porém, exerce pouca influência sobre os juros futuros. As taxas rondaram a estabilidade, com viés de baixa, com o mercado já no aguardo do IPCA-15 e RTI programados para os próximos dias. A posse da nova procuradora-geral da República, Raquel Dodge, foi acompanhada sem reações nos mercados locais. Seu discurso, no entanto, ajudou a reforçar a percepção de que a atuação dela será mais moderada e discreta do que a de seu antecessor, Rodrigo Janot.
Sucessão na JBS. A permanência da família Batista na presidência da JBS com a eleição do fundador, José Batista Sobrinho para a cadeira, pesa nas ações da companhia, já que a expectativa do mercado era de que a prisão de Wesley Batista poderia resultar em uma profissionalização da gestão. Outro ponto destacado por operadores de mercado é a forma com que a eleição foi feita, num sábado à noite e de forma unânime pelo conselho de administração, mesmo com o BNDES posicionando-se contrário.
JBS ON caiu 3,95%, a R$ 8,50, como destaque de baixa do Ibovespa.
A JBS informou no domingo, 17, a eleição do novo presidente pelo conselho de administração de forma unânime, com a definição também de Time Global de Liderança, responsável por assessorar a presidência em tomada de decisões, composto por Gilberto Tomazoni, André Nogueira e Wesley Batista Filho.
O BTG Pactual, em comentário ao mercado, destacou que José Batista Sobrinho deve completar o mandato de dois anos de Wesley Batista, preso na semana passada. Segundo a equipe de análise do banco, a decisão reitera a posição de controle da família, fazendo com que os recentes rumores de venda de parte da empresa pelos Batistas não façam sentido. Outro ponto importante é o atraso na “tão esperada transição para uma gestão profissional”, avaliaram.
O BTG Pactual, assim como outros profissionais consultados pelo Estadão/Broadcast, também chamam atenção para a conselheira do BNDES ter aprovado o novo presidente, já que o banco havia declarado publicamente e por diversas vezes o desejo de substituir a família Batista.
“A reunião aconteceu no fim de semana e foi muito estranha. Não sabemos se teve quórum o suficiente”, comentou um operador, que preferiu não se identificar. A representante do BNDES na JBS é a advogada Claudia Santos.
Ao jornal O Globo, o presidente do banco de fomento, Paulo Rabello de Castro, disse que não sabia do encontro e que a representante do banco no Conselho, Claudia Santos, não o consultou.
“O BNDES não mudou de posição. A conselheira votou por conta própria e pode ter sido pressionada. Ela votou no sufoco, é uma excelente advogada. Não tomei conhecimento da reunião antes. Foi uma reunião na calada da noite e convocada às pressas. Essa reunião pode ser invalidada por não cumprir com algumas regras de governança, como uma pauta prévia. Vou consultar o jurídico do banco para verificar a possibilidade de anular a decisão”, afirmou Rabello na entrevista.
Do açougue aos bilhões, conheça a trajetória da JBS
Um outro operador comentou que o mercado não vê com “bons olhos” esse embate do comando do BNDES com a conselheira. “A reunião não foi organizada de forma muito clara e a conselheira do BNDES votou sem conversar com o banco. Tudo isso pesa”, disse.
O BNDES informou que a conselheira deu quórum e foi válida. Rabello afirmou ainda que a realização da reunião no sábado, 16, mostra o quão é ruim a governança da JBS e que indicará dois novos conselheiros nesta segunda-feira, sendo que um deles será Cledorvino Belini e o outro ainda passará pela diretoria do BNDES.
Com informações O Estado de São Paulo