O presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) ainda não conta nem com mil nomes para assumir as vagas de direção e assessoramento superiores (DAS). Os 11.550 cargos previstos podem ser ocupados por não concursados no poder Executivo, em autarquias e fundações federais. O cálculo é de integrantes da cúpula do futuro governo. A situação deve abrir caminho para a manutenção de comissionados nomeados no governo Temer e para a promoção de funcionários de carreira.

Desde a campanha, o presidente eleito tem afirmado que, para enxugar a máquina pública, além de cortar ministérios, vai diminuir o pessoal na administração federal. Na semana passada, sinalizou que quer cortar “no mínimo 30%” dos cargos políticos nos ministérios.

Mesmo que o corte de 30% aconteça, o presidente eleito terá que preencher cerca de oito mil vagas; ainda não há nomes, portanto, para mais de 87% delas.

Historicamente, os cargos comissionados são entregues a indicações de partidos políticos que compõem a aliança vencedora. Desde a redemocratização, Bolsonaro é o presidente eleito com o menor número de legendas em sua base de apoio. Ele venceu a disputa em uma coligação de PSL e PRP, partidos pequenos, que até esta eleição nunca haviam conseguido eleger governadores e prefeitos de cidades grandes. Além disso, uma de suas promessas de campanha foi não utilizar nomeações como moeda de troca política.

O presidente eleito já abriu espaço no governo para outras siglas, como o DEM, mas os moldes dessa aliança ainda não estão totalmente claros.

Diante dessa situação, a manutenção de comissionados não concursados indicados pela administração de Michel Temer (MDB) é cogitada pela equipe do futuro presidente.

— Não é só porque trabalhou no governo Temer que a pessoa não tem qualificação — diz o deputado federal e senador eleito pelo PSL Major Olímpio.

Segundo dados do Ministério do Planejamento, dos 11.550 cargos de DAS, 8.441 (73,1%) estão lotados no poder executivo, enquanto 2.163 (18,7%) estão nas autarquias e 946 (8,2%) nas fundações federais. Os salários variam entre R$ 2.585,13 e R$ 16.315,22, segundo dados da Tabela de Remuneração Servidores Públicos.

O novo governo diz estar estudando critérios para promover servidores a funções de chefia em ministérios, autarquias e fundações.

— A ideia do governo é usar o mínimo possível desses cargos, que eram usados para satisfazer a necessidades políticas. A proposta é, onde puder, utilizar servidores de carreira — disse o vice-presidente eleito, general Hamilton Mourão.

De acordo com interlocutores do futuro governo, Bolsonaro esbarra na falta de conhecimento da estrutura. O mapeamento dos cargos ainda está sendo feito pela equipe comandada pelo futuro ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, coordenador da transição.

Além dos 11.550 postos para pessoas que não prestaram concurso público, a administração ainda tem hoje 11.562 funcionários que entraram na máquina pública por concurso e passaram a receber, além do salário, um rendimento extra que varia de R$ 1.551,09 a R$ 5.995,97 para ocupar posições de chefia.

Com informações do Globo