A condenação de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Tribunal Federal Regional da 4ª Região (TRF-4), em Porto Alegre, torna o cenário eleitoral o mais incerto das últimas décadas, a menos de sete meses do início da campanha. Mesmo com o PT afirmando que insistirá em ir ao limite das possibilidades com a candidatura de Lula, é remota a possibilidade do ex-presidente conseguir disputar sua sexta eleição presidencial. Com o líder em todas as pesquisas de intenção de voto provavelmente fora da disputa, cresce a quantidade de votos brancos e nulos, além de não haver um favorito claro.
Bolsonaro lidera
Nas pesquisas realizadas até aqui, Jair Bolsonaro (PSC-RJ, com filiação acertada ao PSL) aparece na segunda colocação em todos os cenários e, nas simulações sem Lula como candidato, é sempre o líder. Porém, o eleitorado dele é, em tese, muito diferente do de Lula – embora sempre haja parcela mais popular, apegada à imagem do petista, mas também sensível ao discurso contra violência e em defesa da família. As pesquisas mostram haver discreta migração de votos para Bolsonaro, com Lula fora da disputa.
Ciro cresce e Marina ganha competividade
Quem tem maior crescimento proporcional é Ciro Gomes (PDT). Na última pesquisa Datafolha, ele aparecia com até 7% nos cenário eleitoral com Lula. Sem ele, o percentual de Ciro quase dobra: 13%.
Marina Silva tem o mesmo crescimento de seis pontos percentuais. O desempenho dela nos cenários com Lula é melhor que o de Ciro. Tem até 11%. Sem Lula, ela chega até 17%, aparecendo, tecnicamente, empatada com Bolsonaro. Pelos últimos levantamentos, pode-se dizer que Ciro é quem mais cresce com Lula fora da disputa, mas Marina é a candidata que mais ganha competitividade.
‘Substituto’ de Lula e votos brancos e nulos
Cogitado como potencial candidato em substituição a Lula, o ex-prefeito paulistano Fernando Haddad (PT) chega a 3%. Porém, a intenção de votos que mais cresce sem Lula, pelo último Datafolha, é de votos brancos e nulos. O percentual mais que dobra: de até 14% para um pico de 30%.
Outras alternativas
Mesmo o provável candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, ganha com a saída de Lula. Ele passa de um máximo de 9% para até 12%. O ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa passa de um percentual de até 6% para um pico de 8%. João Doria, outra opção tucana, oscila de 5% para 6% sem Lula. O senador Álvaro Dias, do Podemos, alcança até 4%, quando Lula é candidato. Na simulação sem o petista, atinge até 6%.
Aliada do petista, mas também pré-candidata, a deputada estadual gaúcha Manuela D’Ávila (PCdoB) oscila de 2% para 3% entre os cenários com Lula e sem Lula. Ministro da Fazenda, Henrique Meirelles (PSD) passa de 1% para 2% nas simulações feitas em dezembro pelo Datafolha de uma eleição com Lula e sem Lula.
Incertezas
O cenário ainda tende a mudar muito até a eleição. Nomes já surgiram desde as últimas pesquisas, como o ex-presidente Fernando Collor (PTC). Outros podem entrar e outros sair de cena. O quadro também muda com a confirmação da sentença contra Lula. E há muito a acontecer até a eleição. Por ora, todavia, o panorama sem Lula é de Bolsonaro como único candidato que ultrapassa os 20%, e isso em algumas simulações: o máximo que atinge é 22%. Isso mostra o quão aberto e imprevisível fica o cenário para uma campanha que começa daqui a menos de sete meses.
Com informações do Jornal O Povo