A aposta do deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) ao decidir disputar a Presidência da República pelo PSL é a de que terá maioria no diretório nacional, o que não conseguiu nas negociações com o PEN, que deve mudar de nome para Patriota. Assim, ele teria controle da distribuição dos recursos dos fundos partidário e eleitoral, além da definição da política de alianças, inclusive nos estados.

Em termos de estrutura, Bolsonaro encontrará no PSL as mesmas dificuldades do PEN/Patriota: pouco tempo de TV e fatia pequena dos fundos partidário e eleitoral. Com a proibição das doações empresariais, essas são as principais fontes de recurso para a campanha.

No ano passado, a fatia do fundo partidário do PSL foi de R$ 5,3 milhões, e a do PEN/Patriota, de R$ 4,5 milhões. O pequeno PSC, atual partido de Bolsonaro, recebeu R$ 14,9 milhões. A campanha deste ano contará com o reforço do recém-criado fundo eleitoral, que distribuirá R$ 1,7 bilhão entre os partidos, de acordo com o tamanho de cada um.

Segundo colocado nas pesquisas eleitorais, Bolsonaro aposta no uso das redes sociais e na militância para compensar a falta de estrutura partidária. Segundo pesquisa Datafolha divulgada no último dia 1º, os brasileiros que declaram voto em Bolsonaro são, proporcionalmente, os que mais compartilham notícias sobre política e eleições no Facebook e no WhatsApp.

Ao anunciar na última sexta-feira, 5, que vai se filiar ao PSL, Bolsonaro disse que não tinha garantia no PEN/Patriota de que seria candidato:

— O Bivar (presidente do PSL) está em um partido pequeno e, sozinho, dificilmente sobreviveria à cláusula de barreira. Eu não tinha garantia da legenda no Patriota. Estamos fazendo um casamento.

Bolsonaro chegou a assinar, em agosto, um compromisso de filiação ao PEN/Patriota. Ele só pretende oficializar a mudança para o PSL em março, quando abre uma janela para a troca de partido sem perda de mandato por infidelidade.

Presidente do PEN/Patriota, Adilson Barroso diz que Bolsonaro queria tomar o partido dele:

— Eles pediram primeiro cinco estados (diretórios estaduais) e cinco cargos na executiva nacional. Depois pediram mais cinco, mais cinco e já estavam em 23 estados. Isso não é bom porque tinha gente há anos filiada ao partido, e, com isso, deputados já queriam sair. Por último pediram a presidência nacional.

O vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), filho do presidenciável, escreveu em uma rede social que o PSL ofereceu “garantias reais e não apenas apalavradas, como maioria no conselho, logo com poder de decisão, com novo código de conduta e com as representações estaduais afinadas”. Em uma outra postagem, ele disse que havia o risco de Jair Bolsonaro ter sua candidatura “melada”.

O presidente do PSL, Luciano Bivar, negou que a negociação para a filiação de Bolsonaro tenha passado pelo controle do partido:

— Não teve nenhum fisiologismo, nenhuma condição. Foi uma convergência de pensamentos, de um Brasil mais enxuto, diminuição do Estado, simplificação dos impostos, economia de mercado.

Crédito do Jornal O Globo