De repente, o susto. Um estalo, dois, três, e o fogo começa a tomar conta de alguns fios do poste de energia. Para quem mora ou passa por perto, acende também o sinal de alerta. “Fiquei apavorada! Estava aqui na calçada quando vi o fogo no poste. Chamei as crianças e corri pra dentro!”, relata Socorro Gonçalves, moradora do bairro São Gerardo. A tensão aumentou quando um dos fios se partiu, caindo na rua. Os moradores rapidamente improvisaram cones para evitar que carros e pessoas tocassem o cabo deixado paralelamente ao meio-fio, bem no meio do asfalto. “Estava de noite, o fio era preto e ninguém sabia se era de eletricidade, de telefone, né?”, explica.
A guarnição do Corpo de Bombeiros acionada chegou em cerca de 10 minutos ao local, mas pouco pode fazer, além de reforçar o isolamento esboçado pela população: incêndios em postes de energia são um problema potencialmente complexo, que deve ser enfrentado por – ou, pelo menos, sob a supervisão de – técnicos especializados da empresa responsável pela distribuição de energia. No caso do Ceará, técnicos da Enel.
“Os postes que se encontram pelas ruas dos bairros podem ter cabos de média tensão, normalmente três, um ao lado do outro, no topo do poste; e de baixa tensão, cerca de 1,5 m abaixo dos de média. Na maioria dos casos, são quatro, paralelos, um acima do outro. Abaixo do último deles, uns 40 cm, ficam os cabos destinados a outros fins, que não transmissão de energia, como telefonia e internet. Mesmo não sendo cabos feitos para transmitir energia, eles também podem transmitir corrente, o que torna qualquer intervenção em postes com fogo, mesmo nesses cabos, perigosa. Só os nossos técnicos devem atuar nessa situação”, explica Marcelo Palácio, gerente de Operação e Manutenção em Alta Tensão da Enel Distribuição Ceará.
Uma vez no local, o técnico se mune de uma vara telescópica – um instrumento retrátil, que pode ser prolongado por vários metros, dotado de uma pequena ponta metálica, perpendicular à vara. Golpeando o fogo, ele vai pouco a pouco abafando os pequenos focos de incêndio que havia nos cabos telefônicos. Para dar cabo de um foco mais avantajado, solicita o apoio da guarnição de bombeiro no local, que fornece uma escada e um extintor de pó químico ABC, com os quais ele termina o serviço.
“A chuva que abençoa nossa terra, nessa época do ano, acaba aumentando a incidência desse problema. Tanto a água diretamente quanto as folhas que a chuva derruba acabam se acumulando nas caixas de distribuição. Isso pode gerar curtos-circuitos, que produzem faíscas e levam a pequenos incêndios na fiação da rede elétrica e da rede telefônica”, avalia Palácio.
Em caso de fios partidos, todo cuidado é pouco. Como nem sempre é possível saber se eles estão eletrificados, em qualquer situação desse tipo, é fundamental manter distância. Se possível, como os moradores do São Gerardo que ilustram o início da matéria, procure isolar a área por meio de cones ou outros sinais de atenção. A Enel deve ser acionada imediatamente. Em caso de fogo, os bombeiros também podem ser chamados.
Fonte: SSPDS