Visando ressaltar os diversos cuidados para praticantes de esportes aquáticos, em especial os kitesurfistas, o Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Ceará (CBMCE) disponibilizou várias dicas para os praticantes do esporte. Como o kitesurf é um esporte que usa o vento como combustível, as praias do Ceará fazem bastante sucesso para os seus atletas. Por ser classificado como um esporte radical, diversas exigências visando à segurança fazem parte do dia a dia dos adeptos da modalidade.
Tecnicamente o kitesurf para ser praticado com segurança, necessita que ocorra o correto cálculo das condições de velejo, levando em consideração o peso do praticante, o tamanho da pipa e a velocidade/direção do vento. Aliás, qualquer alteração nas variáveis velocidade/direção pode trazer risco em potencial aos praticantes. É extremamente importante que cada velejador faça uma análise sobre o nível em que se encontra na prática do esporte e faça uma avaliação precisa das condições climáticas.
Em relação às condições climáticas, os bombeiros orientam que nunca se deve velejar sozinho ou quando o vento estiver off-shore (terral) sem apoio de uma embarcação. Além disso, não se deve velejar quando há a existência de nuvens carregadas.
Prática segura
O primeiro tópico relacionado é verificar o assentamento de risco que consiste em analisar o local, o ambiente e as atividades na área em que se deseja praticar o esporte. Deve-se analisar o distanciamento de obstáculos a barlavento e a sotavento, sendo necessário haver uma área de segurança de pelo menos 100 metros em todas as direções à frente do equipamento. O ambiente está relacionado com a previsão do tempo e atividade está relacionada com as demais práticas no entorno do local, tais como banhistas e embarcações.
Assentamento de risco também está relacionado com a montagem, pouso e decolagem do equipamento. De fato é importante respeitar todos os protocolos de segurança ao executar essas ações e a principal dica consiste em nunca decole/voe seu kite próximo a fios elétricos, postes, árvores ou até mesmo embarcações. Além disso, o praticante sempre deve decolar o kite mais próximo da água possível, ou seja, o velejador deve estar olhando para a água.
Equipamentos de segurança
Em relação aos equipamentos de segurança o praticante de kitesurf deve estar atento aos diversos itens. São recomendados os seguintes:
– Trapézio com alça;
– Leash de segurança;
– Faca de segurança;
– Colete de flutuação classe V (50 Nw);
– Capacete específico para esportes náuticos;
Inspeção preventiva
A inspeção preventiva é um aspecto essencial, pois visa verificar a regularidade das condições do equipamento, tais como a existência de microfuros ou rasgos no velame que possam comprometer a segurança. Além disso, é importante checar linhas e o sistema de segurança da barra, bem como o seu acionamento e devido funcionamento.
O praticante também deve verificar as condições gerais do trapézio, a exemplo das fitas e integridade do gancho e sistema de fechamento. Nas pranchas, o atleta precisa verificar os parafusos e a integralidade de bordas e quilhas, além de ter a atenção especial ao leash que deverá estar conectado na parte da frente do trapézio e em perfeitas condições de acionamento.
Procedimentos de segurança
O velejador praticante de kitesurf deverá estar atento aos procedimentos de segurança do esporte. Dentre eles vale destacar o autorresgate que deverá ser praticado em exercícios simulados regularmente. Este procedimento é de extrema importância e precisa ser incentivado no meio do kitesurf como premissa essencial de segurança. O autorresgate é o procedimento através do qual o velejador aciona o sistema de segurança (ejeta o chickloop) fazendo com que o equipamento pouse sem pressão sobre a água. A partir daí o velador recupera a barra através do leash e da linha de segurança, travando-a e enrolando as linhas na sequência, chegando até a pipa e deitado sobre o bordo de ataque. Com isso, o atleta fará um ângulo com o kite que o trará de volta para a praia em segurança. O litoral do Ceará com a condição padrão de vento lateral possui condições perfeitas para a execução desse procedimento.
O banhista sempre tem prioridade
Importante salientar que o banhista sempre tem prioridade na praia e o kitesurf deve ser praticado a pelo menos 100 metros da linha de arrebentação. O kitesurfista não deve colocar usuários da praia em risco em detrimento da prática do esporte.
Considerações gerais
Em linhas gerais, essas são as dicas e os conceitos básicos para uma prática segura do esporte. É importante dizer que nunca se deve negligenciar as condições geral de saúde e alimentar para realizar a atividade. Não apenas é importante manter boa alimentação e manter-se hidratado, mas também não se deve ingerir bebida alcoólica ou consumir drogas antes de iniciar um velejo.
Contribuição do major QOBM, Carlos André Ribeiro Costa, que é um dos idealizadores e coordenador do Projeto Kitesurf Guarda-Vidas do CBMCE. Atualmente, o oficial é o comandante da 3ª Cia/2º BBM – Quartel de Caucaia e instrutor de Kitesurf ABK e AICT IKO 2020 – Ilha do Farol.