A produção industrial subiu 13,1% em junho ante maio, na série com ajuste sazonal, divulgou nesta quinta-feira, 2, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).  A alta foi o melhor desempenho já registrado em toda a série histórica da Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física, iniciada em 2002.
No mês anterior, a indústria vinha de uma queda de 11,0%, prejudicada pela greve dos caminhoneiros, que se estendeu por 11 dias ao fim de maio.
Em junho, todas as categorias de uso tiveram avanços recordes na comparação com o mês anterior: bens de capital, 25,6%; bens intermediários, 7,4%; bens de consumo duráveis, 34,4%; e bens de consumo semi e não duráveis, 15,7%.(
Em relação a junho de 2017, a produção subiu 3,5%. Nessa comparação, sem ajuste, as estimativas variavam de um avanço de 0,90% a 7,60%, com mediana positiva de 4,60%.
No ano, a indústria teve alta de 2,3%. No acumulado em 12 meses, a produção da indústria acumulou avanço de 3,2%.
“Temos a maior parte dos segmentos industriais avançando, todas as categorias de uso com crescimento, e não por acaso o total da indústria aumentando 13,1%, maior avanço da série histórica”, apontou Macedo. “A alta de junho não só recupera a queda de maio como deixa a indústria em patamar superior ao de abril”, completou.
Recuperação lenta
Na passagem de maio para junho, 15 das 22 atividades pesquisadas superaram o patamar de produção de abril. Entre as categorias de uso, apenas os bens de consumo duráveis não conseguiram em junho superar o nível de produção de antes da greve, apesar do crescimento acentuado de junho. Entretanto, o pesquisador alerta que o resultado positivo precisa ser visto com alguma cautela, diante do cenário de incerteza na economia do País nos próximos meses.
“O resultado de dois dígitos pode dar uma impressão de ser melhor do que está. Ainda não recupera todas as perdas do passado. O patamar de produção ainda está ligeiramente abaixo do que estava em dezembro de 2017. A alta de dois dígitos e disseminada [entre as atividades pesquisadas] não pode ser confundida com trajetória consolidada de da produção industrial”, alertou Macedo.
Os níveis de confiança de consumidores e empresários ainda baixos e o cenário de incertezas elevadas, por conta também de indefinições que cercam a corrida eleitoral, trazem ressalvas e se faz necessário aguardar as próximas leituras da pesquisa para avaliar melhor a saúde do setor industrial, opinou Macedo.
“Claro que a situação já foi pior, mas tem um caminho importante a ser percorrido para que recupere as perdas do passado. Os níveis de confiança de consumidores e de empresários estão aquém do que já foram no passado. Recuperaram alguma perda, há estímulo maior de investir e de consumir do que num passado recente, mas já esteve muito à frente”, contou o pesquisador.
O gerente do IBGE ressalta que não é possível dissociar a produção industrial da demanda doméstica. A indústria tem sido beneficiada pelo avanço das exportações, mas também necessita que o mercado de trabalho caminhe favoravelmente, com menos desempregados no País.
“Existe melhora, mas ainda está abaixo do patamar registrado no final do ano passado. É como se, passados seis meses, a produção ainda estivesse ali no mesmo patamar do fim de 2017”, concluiu.
Com informações O Estado de S. Paulo