A noite em Le Havre marcou o fim de uma era. A tríade Marta, Cristiane e Formiga, que juntas jogaram cinco Copas, não estará presente na próximo Mundial. Das três, a veterana volante de 41 anos é carta fora do baralho. A camisa 10 terá 37 anos, a centroavante, 36. É uma incógnita se suportarão mais um ciclo. Na despedida delas, na derrota para a França por 2 x 1, na prorrogação, no estádio Oceane, ficaram três certezas: o Brasil ainda não tem uma substituta à altura da melhor do mundo neste momento. Há qualidade no elenco, que precisa ser aprimorada, principalmente em fundamentos. E foi uma despedida de cabeça erguida.
Na mescla do trio com uma nem tão nova geração, o Brasil conseguiu fazer frente à França, amplamente favorita no confronto. Tanto pelo retrospecto de nunca ter perdido para a seleção quanto pelo fato de ser empurrada por um mar azul – quase 24 mil pessoas. Desde o gol de Gauvin, anulado pelo VAR por falta na goleira Bárbara, a seleção passou a ser vaiada constantemente. Principalmente a camisa 1.
As vaias não surtiram efeito sobre o Brasil. Deram força até. O trio brasileiro podia não ser brilhante, mas tinha a experiência suficiente para segurar a bola e controlar os nervos da equipe. Formiga, de volta ao time, era a bola de segurança num meio-campo que pouco criava. Marta puxava a marcação de três jogadoras, pelo menos. A capitã do time, longe da melhor forma, suportou 120 minutos de jogo e chegou numa bola aos 10 do segundo tempo da prorrogação. Cristiane calou o estádio com uma cabeçada no travessão. Aguentou além do limite e saiu mancando.
Já as francesas sentiam a pressão de jogar em casa uma partida eliminatória. Apesar da avenida encontrada por Asseyi nas costas de Tamires, a jogadora não conseguiu concluir tão bem as jogadas. O silêncio que tomou conta do estádio em vários momentos, era alternado por uma tentativa de apoio incondicional às “Bleus”. Festa no gol de Gauvin, logo no início do segundo tempo. Desta vez, valeu.
O futuro do Brasil, ao que tudo faz crer, está nos pés de Andressa Alves, fora da copa machucada, e Debinha. A camisa 9 levou o time ao ataque e iniciou a jogada do empate. Cristiane fez o pivô e Thaísa tocou com classe. O VAR confirmou que não havia impedimento.
Porém, faltaram pernas e banco de reservas na prorrogação. Debinha e Bia Zaneratto quase levaram o Brasil às quartas de final. Mas foi a experiente Amandine Henry que estava no lugar certo, na hora certa, para escorar a bola e colocar a França na próxima fase. Enquanto o locutor do estádio anunciava o primeiro nome da capitã, os mais 20 mil franceses completavam: Henry! Um sobrenome que os brasileiros conhecem bem.