Somente neste ano três doenças consideradas erradicadas voltaram a assombrar os brasileiros: a febre amarela, o sarampo e a poliomielite, que teve um caso registrado na Venezuela este mês. A situação é preocupante porque o país vive a mais baixa cobertura vacinal dos últimos dez anos.

No início do ano, houve um alarde em relação ao número de casos de febre amarela. Foram registrados, entre julho de 2017 e abril deste ano, 1.127 casos da doença, quase o dobro que o mesmo período no ano anterior. O aumento dos casos ampliou a procura e chegou a faltar a vacina em algumas regiões, tanto na rede pública quanto na rede privada. Para sanar a crise, o governo passou a adotar a dose fracionada do medicamento e reduziu a imunização a uma única dose.

Desde janeiro, já foram registrados 677 casos de sarampo. Amazônia e Roraima têm os maiores índices da doença. Os casos, segundo as autoridades, estão relacionados ao fluxo migratório da Venezuela. Também vem do país vizinho a informação de um caso de poliomielite. A América Latina foi considerada zona livre da doença em 1994. No Brasil, o último caso ocorreu em 1989.

Para Alexandre Alberto Freire Jorge, enfermeiro coordenador do curso de Enfermagem do Centro Universitário IESB, a ocorrência de casos recentes é um dos fatores da baixa imunização. “Os pais não conviveram com pessoas que tiveram essas doenças e, portanto, relaxam com a imunização, achando que ela não é mais necessária”, explica.

O fato de não haver doenças no país não pode ser, segundo o coordenador, motivos para reduzir a vacinação e é indispensável o mapeamento da trajetória destes vírus, além da promoção de campanhas de vacinação, para evitar óbitos.

Freire defende que o sistema público de saúde amplie o atendimento à população. “É preciso que todos os postos tenham sala de vacinação e eles estejam abertos na hora em que a população precisa. Não é possível que os pais levem a criança ao posto e ela não possa ser vacinada por indisponibilidade de atendimento, o que vemos ocorrer com muita frequência”.

Há, também, um movimento de pais que são contrários à vacinação por acreditar que elas fazem mal. “A Fiocruz, que é quem produz vacinas para a Rede Pública de Saúde, já fez vários estudos e todos comprovam que a vacina não traz riscos consideráveis à saúde. As reações adversas ocorrem com raridade”, conta Jorge.

Vacina não é só coisa de crianças. Há várias doenças que exigem doses periódicas para imunização, como o caso da antitetânica. Para quem vai para outros países também é indispensável conferir se a carteira de vacinação está em dia. Em Brasília, o Hospital Regional da Asa Norte (HRAN), mantém o ambulatório do viajante. “Lá eles têm controle de quais são as vacinas necessárias de acordo com o país para onde você vai e qual a dose necessária”, explica o coordenador.

 

Com informações Assessoria de Comunicação