Inconformados com a possível aliança entre o PR e o PSL do deputado federal Jair Bolsonaro, pré-candidato à Presidência da República, os caciques de DEM, PP, PRB e Solidariedade, aglutinados pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia, vão tentar convencer a sigla de Valdemar Costa Neto a não formalizar apoio ao ex-capitão do Exército. O presidente do Solidariedade, Paulo Pereira da Silva, afirmou que vai propor ao centrão que convide o PR para a próxima reunião do bloco, marcada para quarta-feira da semana que vem.

Os caciques partidários avaliam que o PR viabilizará, de fato, a candidatura de Bolsonaro, caso formalize a aliança, pois garantirá ao candidato do PSL tempo de rádio e televisão na propaganda eleitoral, algo que ele praticamente não tem hoje. A situação do PR foi analisada por dirigentes do centrão logo após o encontro da última quarta-feira com o pré-candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin.

“Defendo que o PR participe do nosso encontro, porque o partido sempre esteve, de alguma maneira, junto com o grupo em ações na Câmara”, disse Paulinho.

Além de tempo de TV, a influência de Valdemar na Câmara, principal liderança do PR, mesmo não estando mais formalmente filiado ao partido, ajudaria Bolsonaro a conquistar apoio parlamentar. Sem apresentar a lista, Bolsonaro diz já ter o apoio de mais de cem parlamentares. O próprio Valdemar já participou de encontro dos partidos do centrão, quando disse que nunca apoiaria o pré-candidato do PDT, Ciro Gomes, nem acreditaria na viabilidade eleitoral do pré-candidato Geraldo Alckmin. A dupla negocia uma aliança com os partidos do bloco.

Em conversas recentes, os dirigentes dos quatro partidos lembram as parcerias na Câmara e no Senado e avisam ao PR que, se fechar com Bolsonaro e ele perder, a sigla não poderá voltar a fazer parte do centrão como se nada tivesse acontecido.

Por enquanto, Valdemar vê na aliança com Bolsonaro a vantagem de eleger uma grande bancada na Câmara e no Senado, seu principal objetivo. Em diversas ocasiões, Valdemar tem dito que o tucano não vai decolar, e que já foi vítima de ataques verbais de Ciro, os quais não esquece.

Parte da bancada apoia Bolsonaro

Enquanto o centrão tenta afastar o PR de Bolsonaro, a ala de deputados do partido que apoiam o ex-capitão quer promover na próxima semana uma reunião da bancada da Câmara para mostrar a força dos que defendem a aliança com Bolsonaro e emitir mais um sinal de que o acordo está próximo.

Segundo o Jornal O Globo, desde semana passada Bolsonaro trata a aliança com o PR como bem encaminhada, dependendo apenas do senador Magno Malta (ES) concordar em ser seu vice-presidente. Aliados do presidenciável no partido vão além e dizem que o acordo sairá ainda que Malta decida buscar a reeleição ao Senado, desde que Bolsonaro escolha outro integrante do PR para vice. A ideia de reunir a bancada é para deixar clara a existência de uma maioria pró-aliança.

“Estamos tentando marcar uma reunião para discutir a aliança. A ideia é conversar com todo mundo, mesmo aqueles que são contra. Vamos avançar nessa construção”, diz o deputado Capitão Augusto (SP), que é cotado para assumir a presidência do partido caso a coligação vingue.

“Vamos tentar fazer a reunião na semana que vem porque o prazo para a decisão final está chegando. Mas as coisas já estão muito bem encaminhadas”, afirma Lincoln Portela (PR-MG).

Bolsonaro tem minimizado o desgaste que uma aliança com o partido de Valdemar, condenado no mensalão, pode trazer para seu discurso anticorrupção. O presidenciável repete que sua negociação não é com Valdemar e afirma que as críticas vêm de quem deseja evitar que ele consiga ter tempo de televisão. Sozinho com o PSL, Bolsonaro teria apenas oito segundos de TV em cada bloco de propaganda e uma inserção a cada três dias. O PR daria para o presidenciável mais 45 segundos em cada bloco e duas inserções por dia.

Na negociação em andamento há um pedido adicional de Bolsonaro. Como o PR tem alianças com o PT em alguns estados, ele deseja que seja feito um compromisso de que os deputados do partido nestas regiões não possam usar sua imagem na campanha.

Com informações do Jornal O Globo