A permanência por mais uma semana das Forças Armadas no Ceará era uma decisão esperada, mesmo após, na noite dessa quinta-feira, muitos especularem que o presidente Jair Bolsonaro havia colocado em dúvida se renovaria ou não a manutenção dos 2.500 integrantes do Exército para garantir mais segurança aos moradores de cidades da Grande Fortaleza e do Interior do Estado.

O presidente Bolsonaro não esconde as profundas divergências políticas com o Governador Camilo Santana, mas, nesse caso, deixou de lado questões menores para adotar uma medida essencial à tranquilidade de milhões de cearenses reféns da greve nos quadros da Polícia Militar. O decreto presidencial, assinado nesta sexta-feira, estica por mais uma semana a presença das Forças Armadas no Ceará.

As últimas horas tem sido de negociações entre representantes dos policiais amotinados e o Governo do Estado para o fim da paralisação. Sobre a mesa do Governador Camilo Santana, que tem demonstrado equilíbrio, bom senso e compromisso com a população, daí ter solicitado o reforço da segurança no Ceará, estão as 18 exigências apresentadas pelos policiais militares para a greve ser suspensa. A maior parte corre o risco de ficar no papel, mas, nesse momento, o caminho do bom senso está em construção.

As conversas podem avançar na direção de um acordo, mas, por segurança e sem deixar meias palavras do meio do caminho, o presidente Bolsonaro assinou o decreto e deu ao Ceará mais uma semana com os homens do Exército. Talvez não seja necessária a permanência das Forças Armadas pelos próximos oito dias estabelecidos no decreto do Chefe da Nação diante das negociações que podem, antes desse período, estabelecer um entendimento para os policiais voltarem às ruas.

A soma de esforços entre o Governo Federal e o Governo do Estado, tendo à mesa de negociações representantes dos Poderes Legislativo e Executivo, do Ministério Público Estadual, da Ordem dos Advogados do Brasil e dos policiais militares, é uma demonstração de maturidade e de diálogo em nome de 9 milhões de habitantes que querem um cotidiano com mais tranquilidade e menos violência.