Ao passo em que o Brasil se consolida como o segundo maior exportador de alimentos do mundo, segundo a Organização Mundial do Comércio (OMC), dados da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Penssan) revelam que 19 milhões de brasileiros se encontram em situação de fome no País e mais da metade dos domicílios brasileiros (55,2% – 116,8 milhões de pessoas) enfrentam algum grau de insegurança alimentar, seja ela leve (preocupação com quantidade e qualidade dos alimentos disponíveis), moderada (restrição quantitativa de alimento) ou grave (identificada como fome). Neste contexto, a Campanha Natal Sem Fome 2021, realizada pela ONG Ação da Cidadania e lançada em outubro, busca mobilizar a sociedade civil para que milhares de famílias celebrem a data com dignidade e prato cheio.

No Nordeste e no norte de Minas Gerais e do Espírito Santo, o Instituto Nordeste Cidadania (Inec) é responsável pela articulação da campanha e já mobiliza sua rede de colaboradores e parceiros para a arrecadação de alimentos não-perecíveis. A expectativa é que esse seja o maior Natal Sem Fome da história. Só no Ceará, a meta de arrecadação é de 73 toneladas de alimentos. Já em todo o território de atuação do Inec, a meta é arrecadar 240 toneladas ao todo.

Em 2020, o Instituto arrecadou mais de 4,7 mil toneladas de alimentos. No Ceará, aproximadamente 28 mil famílias foram beneficiadas com mais de 106 toneladas de alimentos.

Tema da Campanha

Nesta edição, a campanha traz como tema uma releitura da “Fábula do Beija-Flor”, uma das mais conhecidas histórias contadas pelo sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, fundador da Ação da Cidadania. Nela, o pássaro é questionado ao tentar apagar um incêndio na floresta levando água no bico. Ele tem consciência de que sozinho não consegue, mas dá o exemplo de que se cada animal da floresta fizer a sua parte, o fogo vai cessar. Neste sentido, a campanha é um convite para que as pessoas deem asas à solidariedade e também se transformem em beija-flores e possam contribuir com qualquer valor para a campanha.

Como doar

Qualquer pessoa pode participar individualmente ou com a arrecadação e doação em grupos. Empresas podem também fazer suas doações. Os interessados podem acessar www.inec.org.br/doe ou www.natalsemfome.org.br e contribuir com qualquer valor, que será revertido para compra de cestas básicas. Doações de gêneros alimentícios não perecíveis podem ser entregues até o dia 18 de dezembro, na Sede do Inec, localizada na Av. Dr. Silas Munguba, 3500, bairro Itaperi.

Em âmbito nacional, a ação conta com a parceria de duas agências da ONU, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e o Programa Mundial de Alimentos (PMA). Organizações e empresas como Vale, iFood, Coca-Cola, Claro, TikTok e Ancar também participarão nacionalmente de toda a Campanha. No Ceará a iniciativa conta, ainda, com a parceria da Ticket, Camed Corretora, Defesa Civil do Ceará, Movimento ODS Ceará e Conselhos de Segurança Alimentar e Nutricional (Conseas) do Ceará e de Fortaleza.

Mais informações sobre a Fome no Brasil
Embora os efeitos econômicos da pandemia não possam ser ignorados diante do cenário da fome no País, a situação já vinha se agravando desde antes da crise da Covid-19. Em 2018, eram 10,3 milhões de brasileiros nessa condição. Nos últimos meses de 2020, já eram 09 milhões de pessoas a mais sofrendo com a mazela da fome. De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), nesse intervalo (2018-2020), 23,5% da população brasileira deixou de comer ou precisou reduzir a quantidade e a qualidade dos alimentos ingeridos por falta de dinheiro.

Isso demonstra como a fome também está relacionada a outras desigualdades no país, como o desemprego. No primeiro trimestre de 2021, o Brasil alcançava mais um recorde negativo e somava pelo menos 14,8 milhões de desempregados, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Aliada a tudo isso, a alta dos preços dos alimentos também contribui para que as necessidades da população sejam cada vez mais básicas. Em um ano de pandemia, o preço dos alimentos já havia aumentado 15% no país, segundo o IBGE. A taxa é quase o triplo da inflação geral registrada no mesmo período, 5,2%.

No final de setembro, a OAB Nacional, a pedido da Ação da Cidadania, entrou com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) cobrando o governo federal a adotar uma série de medidas de combate à fome no país. Entre elas, estão a retomada do auxílio emergencial no valor de R$ 600 e das atividades do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional. O STF determinou um prazo de dez dias para que o governo apresente informações sobre os questionamentos.

No Ceará, o último levantamento do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (IPECE), que traz dados coletados em 2019, indica que 44,2% dos domicílios do estado passaram por situação de insegurança alimentar. Destes, 21,2% enfrentaram insegurança alimentar leve, enquanto 12,3% conviveram com insegurança alimentar moderada. Por fim, 10,6% sofreram com a insegurança alimentar grave.

O estudo do IPECE também demonstra que, na zona rural, o percentual de segurança alimentar é de 46,8%, abaixo do apresentado na zona urbana que é de 58,3%.

Sobre a Campanha

O Natal Sem Fome já levou alimentos para mais de 20 milhões de pessoas por todo o Brasil desde seu lançamento em 1994, um ano após a fundação da Ação da Cidadania. Na época, a iniciativa de Betinho surgiu como um caminho para combater a fome e a desigualdade socioeconômica em nosso País, e ajudar os mais de 32 milhões de brasileiros vivendo abaixo da linha da pobreza naquele ano. Após dez anos sem ser realizada, a campanha voltou em 2017.

Sobre a Ação da Cidadania

A Ação da Cidadania foi fundada em 1993 pelo sociólogo Herbert de Souza, conhecido como Betinho, com o intuito de combater a fome e a desigualdade socioeconômica em nosso país e ajudar os mais de 32 milhões de brasileiros vivendo abaixo da linha da pobreza naquele ano. Desde sua criação, a ONG deu início a uma série de iniciativas, sendo o Natal Sem Fome a mais célebre delas. Após dez anos sem ser realizada, a campanha voltou em 2017 e, em 2020, ganhou força total para ajudar os agora dezenas de milhões de brasileiros que vivem abaixo da linha da pobreza, segundo dados do Cadastro Único do Governo Federal.

(*) Cm informações Assessoria de Comunicação Inec