A morte precoce da jogadora de vôlei Paula Borgo, de 29 anos, que perdeu a luta contra um câncer de estomago, despertou novos debates sobre a doença e leituras com foco nos sintomas de tumores que podem atingir pessoas mais jovens ou com idade mais avançada. Paula descobriu o tumor em setembro de 2022 durante exames de rotina do clube em que era contratada e veio à óbito no dia 11 de maio deste ano.
A oncologista clínica Dra. Luciana Campos, do Centro Regional Integrado de Oncologia – CRIO, alerta sobre os sintomas da doença e se alterações genéticas podem ser transmitidas de geração em geração. Ao contrário da faixa etária da esportista, esse tipo de tumor atinge normalmente uma idade mais tardia, acima de 65 anos.
AÇÃO AGRESSIVA
“Existem vários tipos de câncer de estômago, uns mais agressivos do que outros. Dependendo do período em que foi feito o diagnóstico, a localização do tumor, para onde disseminou, e se está afetando as funções de outros órgãos no corpo, se é um caso mais avançado, provavelmente, a evolução também se torna mais rápida”, explica Luciana Campos ao revelar, ainda, não haver sinais específicos na fase inicial da doença.
Segundo a especialista, os sintomas ainda são vagos, como náuseas, vômitos, “empachamento”, azia, sensações que, conforme afirma, também são causados por outras alterações que não seja propriamente um câncer. Dra. Luciana campos faz mais um alerta sobre algumas condições que devem ser observadas: sangue nas fezes, perda de peso importante (mais do que 10% do seu peso em 6 meses) e desconforto abdominal persistente.
DADOS DO INCA
O câncer gástrico, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), é originário em células crescem de maneira desordenada na região estomacal e podem se desenvolver lentamente ao longo de muitos anos. O tumor é considerado o quarto tipo mais frequente entre os homens e o sexto entre as mulheres no Brasil.
Segundo a oncologista, esse tipo de câncer não é comum na juventude, e quando existe a dúvida do paciente quanto ao aumento do risco de desenvolvimento da doença de acordo com o seu histórico familiar, é que entra em cena a oncogenética, um campo da ciência que estuda especificamente a predisposição hereditária ao câncer.
Essa área, de acordo com a especialista, vem apresentando grandes avanços, principalmente devido a maior facilidade ao acesso a exames que possibilitam avaliar possíveis alterações no DNA (mutações), as quais podem ser transmitidas entre gerações futuras.
TRAÇO HEREDITÁRIO
Para saber se há hereditariedade da doença, a médica explica o que fazer. “O primeiro passo é passar por uma consulta de aconselhamento genético onde será analisada toda a história familiar daquele paciente. Existem síndromes genéticas que causam câncer de estômago em idade jovem. Quando indicado, pode ser feito um exame de sangue ou saliva para identificar os possíveis portadores dessa síndrome”, observa.
DIAGNÓSTICO, TRATAMENTO E PREVENÇÃO
O câncer é detectado por meio de uma endoscopia digestiva alta, exame que permite visualizar o estômago e esôfago, além de biópsia. Se confirmada a doença, é feita uma tomografia computadorizada para avaliar a extensão do tumor. O tratamento passa por cirurgia e quimioterapia. Para prevenir a doença, o Inca recomenda evitar o consumo de bebidas alcoólicas, de alimentos salgados ou mantidos em sal, não fumar e manter o peso adequado.
(*) Com informações da Assessoria de Imprensa do CRIO