Conviver com o câncer, sobretudo ao longo da infância e da adolescência, é um desafio que traz repercussões de diversas ordens. No Ceará, cerca de 200 pessoas de zero a 18 anos são anualmente diagnosticadas com a patologia. A busca por prognósticos favoráveis está associada a múltiplos fatores. O Hospital Infantil Albert Sabin (Hias), unidade vinculada à Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), destaca-se como referência na detecção precoce e no tratamento de neoplasias infantojuvenis.

O Centro Pediátrico do Câncer (CPC), estrutura do Hias, investiga e acompanha casos suspeitos. De segunda a sexta-feira, preferencialmente das 7h às 13h, o Ambulatório de Diagnóstico Precoce acolhe, por ordem de chegada, pacientes de todo o Ceará encaminhados por profissionais de qualquer nível de atenção à saúde.

“Nosso objetivo é eliminar barreiras, facilitar o acesso ao cuidado e garantir celeridade ao processo. Alguns tumores, na Pediatria, são muito agressivos. Não se deve perder tempo”, afirma o oncologista Artur Moraes, coordenador médico da unidade de internação do CPC.

A depender da necessidade, o Sistema Único de Saúde (SUS) assegura a realização de tomografias, ressonâncias, mielogramas, cintilografias, dentre diversos outros procedimentos indispensáveis ao diagnóstico e ao tratamento.

“Trabalhamos sempre na perspectiva de liberar laudos em tempo hábil. Uma vez identificada a doença, o tratamento deve ser imediatamente iniciado. Em alguns casos, a depender do grau de infiltração, as chances de cura giram em torno de 80%”, explica Selma Lessa, coordenadora do serviço de Onco-hematologia.

Simultaneamente, para conscientizar as equipes de saúde de todas as macro e microrregiões cearenses, são realizados treinamentos periódicos em diversos municípios. “De uma forma geral, o nosso esforço está direcionado à conscientização e à disseminação da boa informação. O diagnóstico de câncer não representa uma sentença. Portanto, precisa ser realizado de maneira precoce, sem desespero, sem tensões desnecessárias, para que haja a providência adequada. Por isso, estamos sempre de portas abertas”, ressalta a coordenadora do hospital-dia do CPC, Viviany Viana.

O acesso ao CPC ocorre, também, via Central de Regulação.

Diferenciais positivos

No CPC, cerca de 430 pacientes estão em tratamento, incluindo aqueles internados e não internados. Artur Moraes celebra os diferenciais positivos oferecidos às crianças e aos adolescentes.

“Temos uma unidade de internação com 34 leitos bem estruturados, além de 24 vagas de quimioterapia sequencial e da atuação do hospital-dia. Nosso grande trunfo consiste, também, na Unidade de Terapia Intensiva exclusiva para pacientes oncológicos. Isso nos permite acompanhar devidamente situações mais graves”, diz.

Incidência

Viviany Viana sublinha, ainda, a incidência dos casos mais comuns de câncer na infância, a exemplo do que indica a literatura especializada. “As leucemias agudas se destacam, seguidas pelos tumores de sistema nervoso central e pelos linfomas”.

Oncologistas de plantão em tempo integral

Objetivando garantir atendimento integral, 20 médicos oncologistas compõem o corpo clínico do CPC. “Para cuidar bem das nossas crianças, dispomos de plantonistas 24 horas por dia, sete dias por semana. Essa é a demonstração de que estamos do lado do paciente o tempo todo. Além disso, nossas terapias de ponta incluem processos e fluxos bem desenhados. Trabalhamos de forma assertiva com equipes multiprofissionais comprometidas e constantemente treinadas”, acrescenta Moraes.

Cuidados paliativos

Uma comissão de cuidados paliativos atua junto a pacientes e seus familiares. “Em casos mais críticos, em que se torna mais difícil percorrer um caminho curativo, nós garantimos todo o suporte necessário à manutenção da qualidade de vida”, pontua o médico.

Humanização

Sino da Esperança foi instalado em abril deste ano para celebrar a conclusão do tratamento de crianças e adolescentes com câncer atendidos pelo Hias

A premissa da humanização, prevista na missão do Hias, é permanentemente executada. Por meio da união de esforços entre trabalhadores e voluntários, o projeto Navegar é desenvolvido para garantir acolhimento e orientação a pacientes e familiares em diversas perspectivas.

Concomitantemente, o Sino da Esperança, implantado para celebrar a conclusão de tratamentos, é uma manifestação desse compromisso.

A partir de então, uma nova etapa é iniciada. O Ambulatório de Efeitos Tardios do Hias do Câncer oferece acompanhamento integral a pacientes recuperados.

“Quando se conclui o tratamento, uma nova ambiência se torna necessária. Após a alta, todas as crianças seguem em monitoramento para a identificação precoce de qualquer sinal que demande atenção. Além disso, atravessar a rua da Esperança (no entorno do Hias) é muito simbólico. Trata-se do início de uma nova fase”, contextualiza Lessa.

Câncer Infantojuvenil

O 23 de novembro foi instituído pelo governo federal como Dia Nacional de Combate ao Câncer Infantojuvenil com o objetivo de estimular ações educativas e preventivas relacionadas à patologia, promover debates e outros eventos sobre políticas públicas de atenção integral às crianças com câncer; apoiar as atividades organizadas e desenvolvidas pela sociedade civil em prol da causa; difundir os avanços técnico-científicos relacionados ao tema, além de apoiar pacientes e seus familiares.

(*)com informação do Governo do Estado do Ceará