O capacete Elmo, equipamento de respiração artificial não invasivo, tem contribuído para o tratamento de pacientes com quadro leve ou moderado de Covid-19 internados em unidades de saúde da rede estadual. No Hospital de Messejana Dr. Carlos Alberto Studart Gomes, uma unidade semi-intensiva, com 12 leitos, recebe e monitora especificamente pacientes em uso da terapia.
Os resultados são satisfatórios: 60% dos 75 pacientes atendidos na unidade Elmo não necessitaram de intubação e evoluíram sem precisar de internações em Unidades de Terapia Intensiva (UTI).
O mesmo percentual é registrado no Hospital Estadual Leonardo Da Vinci (Helv). De cada 10 pacientes que usaram o dispositivo na unidade, seis não precisaram ser intubados. O índice permaneceu ao longo de nove meses de utilização do aparelho.
Hospital de Messejana
O superintendente da Escola de Saúde Pública do Ceará Paulo Marcelo Martins Rodrigues (ESP/CE) e idealizador do capacete Elmo, Marcelo Alcantara, visitou nessa quarta-feira (14) a unidade, que ele chamou de “sala de aula de elmoterapia” e acompanhou de perto os resultados obtidos pela equipe.
“Em um curto tempo, o Hospital de Messejana montou uma unidade onde se tem 12 pacientes utilizando o capacete, de forma simultânea, de maneira correta, bem indicada, monitorada e acompanhada por uma equipe multiprofissional. Aqui é uma sala de aula. Qualquer profissional de saúde que queira aprender como se faz a aplicação do Elmo poderia passar um estágio aqui no HM”, enfatiza.
O aparelho foi fundamental para a melhora do quadro de saúde do aposentado Eliezio Pontes Gondim, de 58 anos, que chegou à emergência do HM com falta de ar e tosse seca no dia 6 de abril. A terapia com o Elmo durou três dias.
“Eu me senti bem, consegui respirar, me alimentar e fiquei bem tranquilo com o capacete. Já não sinto mais cansaço e não vejo a hora de ir para casa”, diz o aposentado.
Diminuição da necessidade de leitos de UTI
Para a pneumologista intensivista Isabella Matos, que atua na unidade Elmo do HM, a experiência tem alcançado resultados favoráveis graças ao empenho de uma equipe capacitada.
“Temos implementado cada vez mais fluxogramas e isso aumenta a nossa curva de resultados. Além de evitar a intubação, nós diminuímos a necessidade de leitos de UTI, os riscos de complicações atrelados à intubação e possibilitamos um tratamento mais humanizado. Uma equipe preparada identifica melhor o paciente que está ou não se adaptando à elmoterapia e dá o seguimento correto ao tratamento”, ressalta.
O tratamento com o uso do capacete costuma levar, em média, de três a seis dias. Ao todo, 130 pacientes utilizaram a terapia na unidade. O agente de turismo Antônio Jaquelândio de Souza, de 45 anos, foi um deles. Morador de Cascavel, na Região Metropolitana de Fortaleza, Souza chegou bem grave ao hospital, com os pulmões comprometidos e indicação de intubação. Os especialistas recomendaram o uso do capacete para auxiliar na sua recuperação.