A troca de farpas e acusações entre o deputado federal Heitor Freire e o deputado estadual André Fernandes – ambos eleitos na esteira da popularidade de então candidato Jair Bolsonaro, passa, nesse momento, por um amistício. Coube ao capitão Wagner, pré-candidato do PROS à Prefeitura de Fortaleza, fazer ponderações e convencê-los a suspender temporariamente as hospitalidades em nome da unidade política na corrida pela sucessão do prefeito Roberto Cláudio (PDT).

As divergências entre Heitor e André surgiram na briga pelo controle de diretórios municipais. André recebeu o aval da Executiva Nacional para comandar o Diretório Municipal do PSL na Capital, mas em uma manobra de Heitor Freire acabou perdendo o controle da sigla. O mesmo aconteceu em outras cidades, como, por exemplo, em Caucaia – segundo maior colégio eleitoral do Ceará. A briga interna no PSL se transformou em pesadas denúncias, processos e acusações de ambas as partes.

RACHA NACIONAL E LOCAL

André e Heitor foram as principais novidades das eleições de 2018, mas, ao longo de 2019, construíram caminhos distintos: André se manteve firme e leal à linha política do presidente Bolsonaro, enquanto Heitor, ao ser acusado de ter vazado um vídeo de uma conversa com o Chefe da Nação, acabou sendo excluído da base de apoio ao Palácio do Planalto. Heitor decidiu, também, se aliar ao presidente nacional do PSL, Luciano Bivar, que rompeu com a família do presidente Bolsonaro.

O conflito fez o clã Bolsonaro abandonar o PSL e construir o partido Aliança pelo Brasil. O Aliança, porém, não saiu do papel e o grupo ficou sem sigla para abrigar os aliados na disputa eleitoral de 2020. O grupo bolsonarista reuniu as 492 mil assinaturas necessárias à constituição do ‘Aliança pelo Brasil’, mas não houve tempo hábil para o Tribunal Regional Eleitoral (TSE) analisar todo o processo e liberar a agremiação para disputar o pleito de vereador e prefeito. Com o dinamismo e a necessidade do pragmatismo político, o presidente Bolsonaro e o presidente do PSL. Luciano Bivar, voltaram a conversar. Na pauta, a volta de deputados do PSL à base de apoio ao Governo.

ABRIGO PARA ALIADOS

Sem partido, muitos bolsonaristas se filiaram a outras siglas para disputar o mandato de prefeito ou vereador ou endossar as fileiras de candidaturas de aliados. Em Fortaleza, o deputado estadual André Fernandes se filiou ao Podemos, dirigido pelo senador Eduardo Girão, e agregou correligionários que entram na briga por uma vaga à Câmara Municipal. André apoia o grupo do capitão Wagner, onde está, também, o PSL do deputado Heitor Freire. O PSL representa injeção financeira com o Fundo Eleitoral na campanha de Wagner, além de expressivo tempo na propaganda de rádio e televisão.