Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Depois de períodos de carestia, a carne parece voltar para a mesa das famílias brasileiras. Uma pesquisa da organização Good Food Institute (GFI) Brasil mostrou que, no ano passado, 56% da população consumia proteína bovina pelo menos duas ou mais vezes por semana. O patamar é superior aos 47% observados em 2022.

Os pesquisadores ouviram mais de duas mil pessoas das classes A, B e C de todas as regiões do país e analisaram que o aumento observado no consumo de carne de boi pode estar ligado à redução do preço após um período de alta nos últimos anos, principalmente depois da pandemia.

Para se ter um ideia, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do IBGE, calculou que a carne bovina fechou 2020 numa alta de 17,97% — muito acima da inflação geral daquele ano, que ficou em 4,52%.

No ano seguinte, a proteína ficou mais barata, mas ainda pesando no bolso das famílias, com um aumento acumulado de 8,45%. Alguns cortes, aliás, quase desapareceram dos cardápios de muitas famílias por causa de aumentos expressivos, como a picanha (17,36%) e o filé mignon (30,91%).

Em 2022, o patamar caiu mais, com a carne bovina acumulando alta de 1,84%. O alívio veio de fato no ano passado, quando o produto encerrou dezembro numa queda de 9,74%. Em alguns cortes, a redução passou de 10%, como nos casos das peças nobres: alcatra (-10,72%), picanha (-10,69) e filé mignon (-10,44%).

Mais frango

Já nos primeiros meses desse ano, a tendência é também de melhora. No acumulado de 12 meses, as carnes fecharam abril com queda de 8,65%.

Enquanto 56% dos brasileiros dizem comer carne de boi pelo menos duas vezes na semana, a presença da proteína de frango é superior, com 65% das famílias relatando consumi-la. De acordo com a pesquisa da GFI Brasil, esse patamar se manteve estável quando se compara 2023 com o ano anterior, mesmo movimento do consumo de carne suína (19%) e peixes (9%).

Na hora de encher os carrinhos, porém, consumidores ainda esperam por algum alívio nos preços. O representante comercial Renato Tribuzy, de 53 anos, diz que voltou a comer carne vermelha com mais frequência, mas que cortes de frango ainda são mais frequentes por causa do preço.

— Está melhor, mas ainda pesa. Acabo consumindo mais carne quando almoço fora. Sai mais em conta — diz.

Carne ‘plant based’ ganha espaço

Ainda de acordo com o estudo, 36% dos brasileiros reduziram o consumo de carne vermelha nos últimos 12 meses. Destes, 38% citam a saúde como principal motivo para a redução, enquanto 35% apontam o custo elevado como razão. Melhorias na digestão (30%), redução do colesterol (25%) e perda de peso (22%) também foram mencionadas.

Enquanto a proteína animal volta a ganhar protagonismo nos pratos brasileiros, seus substitutos vegetais também ganham espaço.

As chamadas carnes “plant-based” são consumidas por 39% das pessoas, ainda que esporadicamente, com 17% as consumindo ao menos uma vez por semana. Já versões vegetais de leite e seus derivados são consumidos por 60% dos entrevistados, dos quais 33% fazem esse consumo pelo menos uma vez na semana.

(*)com informação do Jornal Extra