O presidente Luiz Inácio Lula da Silva ganhou um importante aliado na briga pela redução dos juros: a indústria automobilística, com pátios abarrotados de veículos novos e vendas estagnadas, passou a endossar o discurso de Lula para o Banco Central reavaliar as altas taxas de juros.

Com juros elevados, poucos setores têm disposição para pedir dinheiro emprestado e investir, enquanto, no outro lado da cadeia que faz a economia andar, o consumidor se retrai nas compras diante dos custos elevados dos financiamentos. A taxa de juros, por ano, está em 13,75%.

O setor automobilístico retrata essa dura realidade, como expõe o presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite. “Continuaremos a dar notícias de paralisações de fábricas ou coisas piores se os juros continuarem elevados”, disse o líder industrial, com declarações que vão ao encontro de outros segmentos da economia e, também, da população.

VENDAS ESTAGNADAS

O presidente Lula sinalizou, nesta semana, que o Governo realiza estudos para redução do preço do carro popular e voltou a bater nas taxas de juros. Lideranças de entidades sindicais que representam trabalhadores do setor metalúrgico de São Paulo já entregou ao Governo Federal proposta para o carro popular se tornar mais acessível, o que depende, também, da redução dos juros.

Os preços estão elevados e os financiamentos, para quem deseja adquirir um carro popular, são desanimadores. Em muitos casos, quem se encoraja a comprar um veículo novo, na chamada faixa popular, corre o risco de pagar, ao longo de 60 meses, o equivalente a dois carros do mesmo modelo. Um exemplo: o kwid, com entrada de R$ 15 mil, poderia ser financiado em 60 prestações de R$ 1.849,77, em 48 (R$ 2.010,75) ou 36 prestações, com valor mensal de R$ 2.010,27. ‘’Desse jeito, não dá, nem tenho coragem’’, esbravejou um pai à procura de um carro para presentear a filha.