Prática que funciona como uma espécie de caderneta de poupança do campo, os bancos de sementes ajudam a preservar as culturas agrícolas locais contra o uso de produtos químicos ou mudanças climáticas abruptas. Uma lei aprovada na Assembleia Legislativa do Ceará, em dezembro de 2019, torna o Estado responsável por promover a criação de novos bancos comunitários de sementes.
Em um banco de sementes, as amostras ficam guardadas em um armazém, onde podem permanecer por meses, anos ou séculos, até serem “sacadas” para replantio em caso de culturas destruídas. O Brasil tem o quarto maior banco genético do mundo, que pertence à Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), com cerca de 150 mil amostras.
No Ceará, segundo a Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares do Estado do Ceará (Fetraece), 122 casas de sementes surgiram nos últimos três anos.
Para o secretário de Política Agrícola da Fetraece, José Francisco de Almeida, a lei aprovada em dezembro é importante para a economia local. “Na prática, nós vamos poder trabalhar e conseguir com mais facilidade o registro das sementes crioulas. Outros estados, como Bahia e Piauí, já possuem leis nesse sentido”.
A expectativa é que os pequenos produtores consigam comercializar as sementes crioulas no programa estadual Hora de Plantar e junto aos agricultores não atendidos pelo programa.
“Aumentou o número de agricultores, mas continua a mesma quantidade de recursos no Hora de Plantar. O Estado não tem recursos para aumentar a oferta de sementes. Por isso, cerca de 60% dos agricultores precisam comprar sementes no mercado. Esse dinheiro acaba saindo do Ceará. [Com a lei] A nossa ideia é também ocupar esse espaço”, comenta Almeida.
A lei já foi enviada ao governador Camilo Santana (PT) e aguarda sanção para começar a valer.